São Paulo, sábado, 5 de maio de 2012

exposição

As cores de Jorge

Exposição sobre escritor baiano é colorida e tem cheiro de cacau

ANDRÉA LEMOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Vinde ouvir essas histórias e essas canções." É com esse convite que se começa o passeio pela vida e obra do escritor baiano Jorge Amado (1912-2001).
A frase está no muro de azulejos que o visitante encontra assim que chega ao primeiro andar do Museu da Língua Portuguesa.
Dali já se sente o clima da exposição, que tem música, movimento e cheiro de cacau, fruto do qual se faz o chocolate.
A montagem "Jorge Amado e Universal" comemora o centenário do nascimento do escritor e fica em São Paulo até 22 de julho. O museu está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h (praça da Luz, s/nº, centro, 0/XX/11/3326-0775; R$ 6, sábado grátis).
Nestas páginas, veja destaques da mostra selecionados pela "Folhinha".

QUAL A SUA COR?
Em 1976, foi feita uma pesquisa para saber como os brasileiros definiam a sua cor. Descobriram que as pessoas tinham 136 jeitos diferentes para isso: sapecada, branquiça, rosa queimada... Jorge Amado também tinha um modo próprio de colorir seus personagens. Em seus escritos, são encontrados termos como morena cor de sapoti, pardavasco (mistura de negro com índio ou de negro com mulato) e nata de leite.

FITINHAS SAGRADAS

Fotos Sérgio Carvalho/Folhapress
Mais de 5.000 personagens vivem nas páginas de Jorge Amado. As fitas coloridas acima levam os nomes de muitos deles. Alguns são totalmente inventados, como o gato e a andorinha que se apaixonam. Outros, criados a partir de pessoas conhecidas, a exemplo de Pastinha, mestre de capoeira. Há figuras históricas, como o presidente Getúlio Vargas. Essa parte da exposição faz referência às fitas do Senhor do Bonfim, da Bahia, que muita gente coloca no braço porque acredita que trazem sorte.

MAR DE DENDÊ

Fotos Sérgio Carvalho/Folhapress
Esse líquido alaranjado é óleo de dendê, usado em comidas baianas. Dispostas lado a lado, as garrafas formam o desenho de ondas, para lembrar o mar, importante na obra. "Vocês sabiam que no fundo do mar tem um céu igualzinho ao outro? Com estrela e tudo mais? Pois tem, um céu mais cheio de estrelas, com sol e lua. Só no fundo do mar é lua cheia todas as noites", trecho de "Pastores da Noite", grafado nas garrafas.

QUEM É JORGINHO?

Fotos Sérgio Carvalho/Folhapress
Na foto, Amado tem dois anos. Aos 11, quando estudava em um internato (colégio em que os alunos moram), escreveu uma redação sobre o mar de sua cidade. Foi considerado um talento pelo professor. Cansado de não poder sair da escola, fugiu para a casa do tio, no sertão.

ESCRITOR E POLÍTICO

Fotos Sérgio Carvalho/Folhapress
Essa obra lembra as rotativas, máquinas em que são impressos os jornais. Os textos falam do lado político de Amado. Ele sonhava com um mundo onde não faltasse comida, onde todos tivessem trabalho e liberdade. O escritor foi deputado federal entre 1945 e 1947, pelo Partido Comunista.

ANTES DO CHOCOLATE
Numa sala, sente-se um cheiro diferente. É cacau. As paredes gradeadas estão cheias de sementes do fruto, cultivado no sul da Bahia, onde Amado nasceu. As histórias da região do cacau fazem parte do mundo vivido e recriado pelo autor. Aqui, estão expostos livros de que ele gostava, como "As Viagens de Gulliver".

NA MULTIDÃO
Fotos Sérgio Carvalho/Folhapress
As crianças vão se divertir nesse corredor cheio de tubos de plástico pendurados no teto. Em cada um, há a foto de uma pessoa, e a sensação é de passar no meio de uma multidão. É uma referência às festas de rua da Bahia, muito presentes nos livros do autor baiano.

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