São Paulo, sábado, 6 de abril de 2013

É sempre difícil ter que mandar em alguém que é seu amigo

ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
EDITORA DE "MERCADO"

Toninho e César eram amigos desde sempre. No final da faculdade, eles abriram uma loja de flores. Tudo ia bem, até um dia em que Toninho quis comprar rosas e César preferiu cravos.
Começaram a discutir, brigaram, ficaram magoados. No fim, cada um foi para o seu lado.
Nunca mais se viram.
Esses conflitos acontecem porque as regras da amizade e do trabalho são diferentes. Por exemplo, se você é o capitão do time e seu melhor amigo joga muito mal, você terá que escolher: tirá-lo da equipe e deixá-lo triste ou mantê-lo feliz, com o risco de perder o jogo.
Essa é a principal dificuldade da nova lei das domésticas. Sempre houve uma situação ambígua: nossa babá nos alimenta, nos ajuda, às vezes até mora com a gente, mas é uma funcionária. É nossa amiga, mas nossa empregada.
Até agora, nessa mistura, o lado pessoal, informal, costumava pesar mais forte. Mas a lei jogou luz sobre uma realidade que víamos pouco: a de que, em nome do afeto, a empregada muitas vezes saía perdendo.
Vamos todos ter que pesar o que achamos importante e do que podemos abrir mão para não ferir os direitos dos outros. É o que se chama "colocar as coisas em pratos limpos". Nunca é fácil. Mas, depois de feito, costuma ficar melhor do que antes.


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Folha Online. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha Online.