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Cafuné
Uopopou!
CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA
Badabadaba-dá! Uopopou! Se você passa o dedo em cima do bonequinho vermelho em direção ao céu, ele pula e na volta do segundo ou terceiro salto afunda no chão. O bonequinho verde que fica do lado dele só ri e faz esses barulhos: arrarrarrá! orrorrorrou!
Se você fala alguma bobagem -"A galinha do vizinho bota ovo amarelinho"...-, o bonequinho vermelho repete com voz fininha. O verde é coadjuvante, mas o uopopou! que ele solta de vez em quando o torna indispensável.
E a música muda, ouvimos umas risadas grossas, que parecem grunhidos de porcos, entrecortadas por uns cocóóóóós bem agudos e bravos.
Benjamim continua olhando firme com cara de concentrado e os dedões mexendo sem parar. Agora rolam barulhos de caixas explodindo, vidros espatifando e destruição em geral. O vento uiva, as risadas ficam mais agudas e de repente não sabemos se passou por aqui um fantasma ou não. Pôu-le! Pôu-le!
- Tchu-tchuru-tchuru, olha que musiquinha legal! Mãe, eu consegui derrubar essa flecha! Vou de novo...Urrurra-urrú! Mãe, cadê aquele videozinho no seu celular do Engri Bârdis? Aquele dos porcos verdes que roubam os ovos dos passarinhos, sabe?
- Ô filho, vamos parar com isso? Já vai acabar a bateria do meu celular!
- Mais cinco minutinhos...
- Tá, só mais um. Afinal meu telefone não é brinquedo.
- Prometo... Tó aqui de volta. Posso brincar só mais um pouquinho?
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