São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 2012

bichos

Planeta dos macacos

Sítio em Sorocaba, interior de São Paulo, cuida de animais que sofreram maus-tratos

PAULA MEDEIROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando foi adotado, aos três meses de idade, Guga usava fraldas e tomava mamadeira. Como precisava de cuidados 24 horas por dia, ganhou babá, que foi morar com ele e a nova família em um apartamento em Moema (São Paulo).
Levou poucos meses para que os pais adotivos vissem que aquilo não ia funcionar. "Ter um chimpanzé como animal de estimação é uma burrice", diz o doutor Pedro Ynterian, 72, que pagou 20 mil dólares (o equivalente hoje a R$ 35 mil) pelo bicho, comprado de um criador no Paraná.
Além disso, o macaco despertou o ciúme das crianças da casa, Lucas, que tinha oito anos, e Aline, de dez. "Tinha de dividir meus brinquedos com ele!", diz ele, hoje com 20 anos e ainda indignado.

BANGUELA
Doutor Pedro, que fez faculdade de microbiologia, não calculou que o filhote iria crescer e hoje, após 12 anos, teria 1,40 m de altura e pesaria 70 quilos. Chimpanzés têm força superior à das pessoas e um ataque deles pode matar. Por isso, quando trabalham em circos, têm os dentes arrancados.
Guga foi transferido a um sítio em Sorocaba (a 99 km da capital), onde vive até hoje, com mais 52 chimpanzés. Deu origem ao Santuário dos Grande Primatas, que se ligou ao GAP (Projeto dos Grandes Primatas), movimento internacional que quer garantir os direitos dos macacos.
O local não é aberto à visitação pública, especialmente porque muitos bichos estão doentes e ficam nervosos diante de pessoas. Ali, além dos chimpanzés, vivem dois tigres, dez leões, três ursos, macacos de outras espécies (como saguis, micos, macacos-prego), aves, répteis e tartarugas. São 300 animais.
Quase todos chegaram por meio do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), apreendidos em blitz contra tráfico de animais, ou foram retirados de circos e zoológicos após confirmadas denúncias de maus-tratos.

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