São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 2012

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Jango, Vitor e Samantha

Macacos do Santuário dos Grandes Primatas recebem apoio para superar as dificuldades

Desdentado, adora macarronada
Fotos Divulgação
Jango, que teve os dentes arrancados

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os cabelos brancos de Jango entregam sua idade: algo entre 35 e 40 anos. Ele chegou ao Santuário em 2003 após passar boa parte da vida em um circo em Minas Gerais.
Jango não tem um único dente na boca. Todos foram arrancados quando ele vivia no circo. Essa era uma prática comum, para aumentar a vida de trabalho dos animais e evitar possíveis ataques. Ele também foi castrado (operado para não ter filhos).
Mesmo sem dentes, é louco por macarronada, que gosta de comer no prato e com colher. Com o doutor Pedro, demonstra carinho ao catar, um por um, os pelos do braço do amigo humano (podiam ser piolhos). Esse comportamento é chamado de "grooming".
(PM)

Chimpanzé é quase igual à gente
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O grupo dos grandes primatas é formado por orangotangos, gorilas, chimpanzés, bonobos e nós, humanos. Os chimpanzés são os que mais se parecem conosco. Segundo pesquisas dos Estados Unidos, compartilhamos com eles 99,4% de DNA (quer dizer que, por dentro, o corpo do chimpanzé é quase igual ao nosso). Podemos até doar sangue para eles e vice-versa. No Santuário, há 22 funcionários, entre eles, veterinários para os 300 animais. Mas quem trata dos chimpanzés são médicos de gente. "Se um precisar ser operado, médico é melhor do que veterinário, pois nosso corpo é muito parecido com o deles", diz Pedro Ynterian. (PM)

Com um só braço, bate no peito e berra
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O chimpanzé Vitor tem só um braço, mas ele parece não saber disso. Ou, se sabe, não se importa. Ele não nasceu assim, perdeu o braço esquerdo quando criança. Não se sabe ao certo, mas é provável que tenha sido disputado pela mãe e outra fêmea. Nessa briga, acabou machucado e, por causa da infecção, seu braço precisou ser amputado. Segundo o doutor Pedro, Vitor é muito forte, "é como se tivesse três braços", diz rindo. Se sua força pudesse ser medida no grito, seria dono do título de Mister Músculo, pois, quando alguém se aproxima, ele bate no peito e berra bem alto para deixar claro quem manda ali. Mas é encenação. No fundo, é um cara doce e recebe os amigos com sorrisos. (PM)

Sem mãe, filhote agarra cobertor
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Samantha é mãe de Suzy, sete meses, de Sara, um ano e meio, e de Sofia, dois anos e meio. Mas ela não cuida de suas crias. Como não foi cuidada pela mãe ao nascer e nunca viu outra macaca nessa função, ela simplesmente não sabe como fazer isso. Essa é uma hipótese levantada pelo doutor Pedro.
A outra é que ela é muito esperta. "Cuidar de um macaquinho é trabalhoso e ela entendeu que alguém vai fazer isso por ela", diz. Longe da mãe, os macaquinhos andam para cima e para baixo arrastando um cobertor, como bebês humanos. Na natureza, chimpanzés vivem agarrados à mãe, sem pôr os pés no chão, até os seis meses. Para os filhotes de Samantha, a manta dá segurança. (PM)

Circo é proibido de usar animal
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A apresentação de animais em espetáculos de circo, que já foi muito comum, é proibida no Estado de São Paulo desde 2005. Mas ainda não há lei que proíba essa prática em todo o país.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, é favorável à criação da lei. "É intolerável. Sou contrária ao uso de animais nos circos." Há um grupo formado por representantes dos ministérios do Meio Ambiente e da Cultura discutindo o assunto, e eles vão se reunir em fevereiro.
Além disso, há um projeto de lei para ser votado. Mas, enquanto isso não acontece, nove Estados e mais de 50 municípios já adotaram leis locais que proíbem circos de usar animais. (PM)

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