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BIOLOGIA
A esperança dos SAF - sistemas agroflorestais
FABIO GIORDANO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em meio aos atraentes apelos da
biotecnologia, é cada dia mais
difícil imaginar um sistema agrícola que não esteja totalmente
voltado para a alta produtividade.
Infelizmente, na agricultura, a
ideologia que dominou foi a de
maximizar a utilização dos recursos naturais. A visão que herdamos é a de que os recursos naturais são bons quando podemos
transformá-los em dinheiro. Nessa visão, uma floresta é um recurso somente quando é possível extrair dela toda a madeira e cultivar
o solo, transformando-o em pastagens, cultivo de grãos ou pomar.
Padrões rígidos de desenvolvimento e cultura alimentar não se
preocupam em questionar a sustentabilidade do processo em relação às mudanças do ambiente.
Os sistemas agroflorestais
(SAF) preservam a imensa biodiversidade das regiões tropicais e
permitem que as populações locais desenvolvam um sistema integrado de produção agrícola,
com atividades de coleta dessa
grande diversidade de recursos
vegetais e animais, pelo manejo e
enriquecimento dos ecossistemas
naturais e pela lavoura de subsistência, principalmente de mandioca, arroz e milho.
É interessante notar que, em todo o mundo tropical, esses sistemas são parecidos, seja na Indonésia, na América Central ou no
manejo secular do cerrado brasileiro, feito pelos índios caiapós,
criando ilhas de produtividade e
aumentando a oferta de recursos.
A economia com adubos, a preservação de sombreamento adequado, a redução de variáveis microclimáticas e a proteção do líter
que reveste o solo são apenas algumas das características que garantem a viabilidade dos SAFs.
Os SAFs surgem como alternativa para a agricultura convencional para a restauração de áreas degradadas e da biodiversidade
num mundo cada vez mais pobre
e com fome, que desenvolve biotecnologia de ponta, mas que não
a faz chegar aos desfavorecidos.
Fabio Giordano é bacharel em biologia,
doutor em ecologia pela USP e professor-pesquisador da Unisanta
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