São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004
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LISTA OBRIGATÓRIA

Fuvest inclui poemas de Alberto Caeiro, com vocabulário mais simples, no lugar de "Os Lusíadas"

Saída de Camões facilita a leitura

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Como faz a cada dois anos, a Fuvest trocou para o próximo vestibular duas das oito obras de leitura obrigatória. Com vocabulário mais simples e frases mais diretas, os poemas de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, que substituem "Os Lusíadas", de Camões, devem facilitar o estudo. Já a saída de um livro de Guimarães Rosa ("Primeiras Estórias") para a inclusão de "Sagarana", do mesmo autor, não alterou o nível de leitura, que continua complexo, segundo os professores de cursinho.
"Caeiro é bem mais fácil do que Camões. Ele é um poeta camponês, tem uma linguagem simples e busca sensações. Já em Guimarães Rosa é o mesmo universo e a mesma linguagem", disse Nelson Dutra, professor do Objetivo.
Como a Fuvest trocou apenas dois livros e a Unicamp exigirá os mesmos nove do vestibular passado, os alunos já devem ter lido pelo menos parte da lista. A recomendação é que o candidato comece pelas obras que ainda não foram vistas, para depois se dedicar às outras, pelo menos revisando o mais importante, caso não seja possível uma releitura.
"Na primeira leitura, você toma um contato inicial. Nas seguintes, será capaz de colher informações que não notou antes", disse Célia Passoni, coordenadora do Etapa.
O candidato de veterinária Arthur Araújo Chaves, 19, disse que, mesmo tendo lido as obras que já estavam na lista, pretende fazer uma releitura. Ele lerá pela terceira vez "A Hora da Estrela", que considera ser a sua obra favorita.
Por ter linguagem e temática mais próximas dos jovens, de acordo com os professores, o livro de Clarice Lispector é uma boa opção para começar a lista de leituras obrigatórias da Fuvest. Depois, pode-se partir para "Memórias de um Sargento de Milícias" e outras obras do século 19. Tanto Passoni, do Etapa, quanto Dutra, do Objetivo, afirmam que o último livro a ser lido deve ser "Macunaíma", por ser uma obra que exige mais do candidato.
O vestibulando também não precisa esperar as aulas referentes ao movimento literário no qual uma obra se enquadra para começar a leitura. "A luz principal está nas obras. Os tratados sobre elas são apenas uma iluminação indireta. O importante é que o aluno perceba as peculiaridades nos textos, e não nos tratados sobre os textos", disse Maria Thereza Fraga Rocco, vice-diretora-executiva da Fuvest.
A candidata de biologia Thais Pedretti, 18, afirma que prefere ler as obras antes de aprender as escolas literárias. "Assim, quando tiver as aulas, consigo rever o que li e entender melhor a matéria."


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