São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010
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PORTUGUÊS

THAÍS NICOLETI DE CAMARGO thais.nicoleti@grupofolha.com.br

Literatura é fonte de prazer


Promover associações entre informações é um caminho para estimular a leitura


OS PRINCIPAIS EXAMES vestibulares do país decidiram há um bom tempo estabelecer listas de livros cuja leitura seria obrigatória para os candidatos a uma vaga nas instituições. A ideia era evitar que os estudantes saíssem do ensino médio sem ter lido nenhuma obra, coisa que os alunos conseguiam (e alguns ainda conseguem) fazer
Hoje, com a internet a todo o vapor, pululam resumos e análises dos livros das tais listas. Muitos estudantes fazem uso desse tipo de material e, assistindo a aulas "especiais" sobre os livros em escolas e cursos pré-vestibulares, têm uma ideia daquilo que as bancas examinadoras podem perguntar -para tanto, seus professores estudam as obras e as entregam lidas, mastigadas, interpretadas etc. Alguns dos mestres ainda tentam fazer isso com humor na tentativa de tornar palatáveis ao gosto de hoje obras de quaisquer épocas e autores.
Aqueles que frequentam as aulas sem ler os livros podem até passar no vestibular -se forem alunos aplicados, absorverão as informações necessárias para a prova. Resta saber se estarão, assim, estimulados a se tornarem leitores da literatura ou apenas a terão transformado em mais uma matéria do estressante vestibular.
É provável que os estudantes estejam empanzinados de dicas sobre os tais livros -talvez fosse até bom que os lessem virgens de tantas explicações e análises, colhendo as próprias impressões sobre eles. O que lhes permitirá desenvolver a destreza na interpretação será justamente o exercício constante da leitura (que não deve começar às vésperas do vestibular!), a busca de associações entre as obras literárias, bem como entre outras manifestações do espírito, tais como as artes plásticas e a música -isso tudo sem se esquecerem de situar historicamente as produções artísticas, na busca da compreensão do modo como viviam as pessoas quando as gestaram e quando suas criações vieram a público.
Se for mesmo verdade -e tudo leva a crer que sim- que a poesia nasce da dor, perdem tempo aqueles que, a pretexto de atrair a atenção dos alunos, travestem de comédia todo e qualquer texto literário.
Promover associações entre as diversas informações disponíveis parece ser um caminho mais proveitoso para estimular a leitura dos textos literários pelo que eles têm de realmente prazeroso e importante, que é a possibilidade de provocar indagações e de propor respostas a elas, num constante diálogo entre sensibilidade e inteligência.
A todos, bom mergulho no prazer do conhecimento!


THAÍS NICOLETI DE CAMARGO é consultora de língua portuguesa do Grupo Folha-UOL.


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