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QUÍMICA
O vinho: uma bebida cheia de química
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Que o vinho é obtido a partir do
suco de uva não é nenhuma
novidade. Mas como será que essa transformação acontece?
A produção do vinho -e de todas as bebidas com álcool- baseia-se na mesma reação química:
a fermentação alcoólica. Essa reação só acontece porque a uva é rica em açúcares, como a glicose e a
frutose (isômeros de fórmula
C6H12O6). É a partir deles que certas leveduras presentes na fruta
produzem o álcool. Quimicamente, temos: C6H12O6 2 CO2 + 2
C2H6O (etanol, álcool das bebidas). Mas isso não acontece de
uma hora para outra. O processo
é lento e leva alguns dias.
Terminada a fermentação,
quanto mais o vinho descansar,
melhor. Isso porque, à medida
que o tempo passa, é eliminada
uma substância amarga chamada
tanino. Mas, se a maioria dos taninos é indesejável, o glicerol (propanotriol) é muito bem-vindo,
pois torna o sabor do vinho mais
doce e suave.
Aliás, durante muito tempo,
acreditou-se que a formação das
"lágrimas" de vinho nas paredes
das taças se devesse a ele, o glicerol, substância que aumentaria a
viscosidade da bebida. Hoje se sabe que a formação dessas "lágrimas" está, na verdade, relacionada ao teor alcoólico do vinho, que
é de 15GL, no máximo, concentração em que as leveduras morrem e a fermentação pára. Esse
teor é baixo porque o vinho é uma
bebida apenas fermentada, não
passa por nenhuma destilação (se
destilado, ele é transformado na
grapa, uma bebida mais forte).
Você sabia que até o sedimento
formado em um tonel de vinho
em fermentação tem sua utilidade? É daí que se obtém o ácido tartárico (ácido-2,3-diidróxi-butanodióico) -responsável por boa
parte da acidez do vinho-, usado
na produção de fermento químico e do cremor tártaro, um estabilizador de claras de ovos batidas.
Depois do envelhecimento, é só
engarrafar e pronto. Mas lembre-se: guarde sua garrafa de vinho
deitada. Dessa maneira, a própria
bebida umedecerá a rolha, o que
impedirá a entrada do indesejável
gás oxigênio. Caso contrário, as
bactérias do tipo Acetobacter começarão a agir, oxidando o álcool
do vinho a ácido acético (C2H6O +
O2 C2H4O2 + H2O). Em outras
palavras, farão seu vinho virar vinagre (do latim vinum, vinho, e
acre, azedo).
Luís Fernando Pereira é professor do
curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail:
lula5@ig.com.br
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