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BIOLOGIA
Fungos, os parceiros das plantas
FABIO GIORDANO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Tradicionalmente, a produtividade das culturas nos solos tropicais, como o cerrado, pode ser
melhorada com a aplicação de
fertilizantes, principalmente os
fosfatados. Uma outra opção é o
manejo de insumos e de culturas
vinculados à micorriza, uma associação benéfica e natural entre
fungos específicos do solo e raízes
das plantas.
Diferentemente do que se imagina, essas associações entre fungos e plantas tão divulgadas nas
aulas de ecologia não são exclusividade das plantas leguminosas.
Para se ter uma idéia da importância das micorrizas, não existem orquídeas, por exemplo, que
sobrevivam sem essa simbiose. O
uso de micorrizas é bem antigo
entre os orquidófilos. Além disso,
ela já é natural e existe no ambiente onde se enraízam as plantas.
Quanto ao crescimento, a maioria das espécies arbóreas tropicais
frutíferas e florestais desenvolvem-se mais rapidamente com a
presença da micorriza. A evolução e a instalação das micorrizas
naturalmente são processos lentos e que, às vezes, não ocorrem
com facilidade. Em muitos casos,
o fungo morre devido a condições
desfavoráveis ou à má distribuição no substrato.
A prática de inoculação do fungo é recomendada na produção
de mudas em viveiros, pois os
substratos utilizados geralmente
são desprovidos de fungos. Assim
reduz-se o tempo das plantas no
viveiro, sendo disponibilizadas
mais cedo para o produtor. A prática permite também diminuir a
quantidade de corretivos e fertilizantes adicionados aos substratos
e, ao mesmo tempo, aumentar a
eficiência dos insumos.
O manejo da micorriza permite
o uso mais eficiente de insumos,
principalmente fosfatados, e de
corretivos e a adoção de práticas
culturais capazes de reduzir o impacto ambiental e os custos de
produção. Com esse mecanismo
biológico, os filamentos dos fungos passam a funcionar como sistema radicular adicional da planta, havendo maior absorção de
nutrientes, principalmente do
fósforo. Contudo, a micorriza não
substitui a adubação. Ela apenas
aumenta a eficiência da utilização
do fósforo pelas plantas.
Fabio Giordano é bacharel em biologia,
doutor em ecologia pela USP e professor-pesquisador da Unisanta. E-mail:
giordano@unisanta.br
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