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ATUALIDADES
Iranianos "em chamas" protestam na Europa
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
As imagens são impressionantes. Mais de uma dezena de militantes iranianos manifestaram-se na Europa ateando fogo ao próprio corpo. Protestavam contra o
governo francês, que ordenou a
prisão de mais de 150 membros
do grupo mujahidin Khalq, acusados de preparar, em solo francês, ações contra o regime de Teerã. Os mujahidins -combatentes
do povo- seguem orientação
marxista e são classificados como
terroristas pelos Estados Unidos e
pela União Européia.
O objetivo do mujahidin Khalq
é destruir a república islâmica iraniana que se instalou no país em
1979. Expulsos do Irã na década
de 80, os militantes mujahidins
passaram a atuar no Iraque com o
apoio de Saddam Hussein. Impedidos de continuar no país após a
queda do regime, transferiram
sua organização para Paris.
Estratégica, a ação francesa deve
proporcionar uma aproximação
com o regime de Teerã e o retorno
francês ao cenário do Oriente Médio. Ao mesmo tempo, facilitará o
realinhamento Paris-Washington
ao focar suas ações na luta contra
o terror.
Mohammad Khatami, presidente do Irã, assumiu em 1997
com a tarefa de conciliar liberdade com religião. Reconduzido ao
poder em 2001, enfrenta não apenas a oposição dos mujahidins
mas também o protesto dos estudantes em Teerã. Descontentes
com o ritmo lento das reformas,
os jovens acreditam que uma intervenção americana, semelhante
à ocorrida no Iraque, possa pôr
fim ao regime dos aiatolás e trazer
a democracia ao povo iraniano.
Parece contraditório acreditar
que uma intervenção estrangeira
armada possa garantir liberdade e
democracia. Mesmo os que estiveram sob as chibatadas do Taleban no Afeganistão ou que foram
perseguidos pela polícia de Saddam Hussein já não têm tanta certeza dessa tese.
Roberto Candelori é professor do
Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
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