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      São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2003
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ATUALIDADES

Iranianos "em chamas" protestam na Europa

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

As imagens são impressionantes. Mais de uma dezena de militantes iranianos manifestaram-se na Europa ateando fogo ao próprio corpo. Protestavam contra o governo francês, que ordenou a prisão de mais de 150 membros do grupo mujahidin Khalq, acusados de preparar, em solo francês, ações contra o regime de Teerã. Os mujahidins -combatentes do povo- seguem orientação marxista e são classificados como terroristas pelos Estados Unidos e pela União Européia.
O objetivo do mujahidin Khalq é destruir a república islâmica iraniana que se instalou no país em 1979. Expulsos do Irã na década de 80, os militantes mujahidins passaram a atuar no Iraque com o apoio de Saddam Hussein. Impedidos de continuar no país após a queda do regime, transferiram sua organização para Paris. Estratégica, a ação francesa deve proporcionar uma aproximação com o regime de Teerã e o retorno francês ao cenário do Oriente Médio. Ao mesmo tempo, facilitará o realinhamento Paris-Washington ao focar suas ações na luta contra o terror.
Mohammad Khatami, presidente do Irã, assumiu em 1997 com a tarefa de conciliar liberdade com religião. Reconduzido ao poder em 2001, enfrenta não apenas a oposição dos mujahidins mas também o protesto dos estudantes em Teerã. Descontentes com o ritmo lento das reformas, os jovens acreditam que uma intervenção americana, semelhante à ocorrida no Iraque, possa pôr fim ao regime dos aiatolás e trazer a democracia ao povo iraniano.
Parece contraditório acreditar que uma intervenção estrangeira armada possa garantir liberdade e democracia. Mesmo os que estiveram sob as chibatadas do Taleban no Afeganistão ou que foram perseguidos pela polícia de Saddam Hussein já não têm tanta certeza dessa tese.


Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br


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