São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006
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CARREIRA

Economia aplica técnicas de exatas às ciências humanas

Julia Moraes/Folha Imagem
A estudante Camila Ferraz, interessada em gestão pública


Universidades delineiam os seus cursos baseando-se em diferentes correntes do pensamento econômico

VINÍCIUS CAETANO SEGALLA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um cientista social equipado com um ferramental matemático que lhe permite mensurar e prever fenômenos decorrentes das atividades produtivas humanas. Um profissional que interpreta dados como taxas de crescimento, PIB e inflação para montar estratégias de investimento e produção para empresas, ONGs ou o governo.
Este é o economista, uma mistura de administrador, matemático e sociólogo, que estuda estatística, matemática financeira, ciência política e história econômica. Em virtude de seu caráter de ciência humana e da grande abrangência de áreas de especialização, cada faculdade constrói um tipo de curso, seguindo algumas correntes de pensamento econômico em detrimento de outras.
Na Unicamp, por exemplo, o curso surgiu nos anos 70, durante a ditadura, e disposto a mudanças. "Sua origem encontra-se diretamente ligada a um grupo de economistas que, seguindo a tradição do pensamento crítico latino-americano, se propôs a estudar a economia incorporando autores que não eram lidos nas demais escolas, como Keynes e Marx", conta Rosangela Ballini, coordenadora de graduação. Apesar disso, ressalva a professora, "sempre se primou pelo caráter plural do ensino, com uma sólida formação teórica que se complementa com pesquisas sobre situações ligadas à economia brasileira".
É também com foco na realidade do país que se criou o curso da FGV, que forma sua primeira turma em 2007. "Temos linha política, não ideológica. Nosso compromisso é com o desenvolvimento do Brasil e a produção de conhecimento é baseada na agenda nacional", afirma Marcos Fernandes Gonçalves da Silva, coordenador do curso.
Já o chefe do departamento de economia da FEA-USP, Joaquim Guilhoto, classifica o curso que preside como "de centro". "Temos, porém, professores das mais diferentes correntes, e nosso leque de disciplinas optativas permite que o aluno escolha o caminho que quer seguir. Ele pode se especializar tanto em mercado financeiro como em teoria marxista."
Outra escola com tradição econômica é a PUC do Rio. A instituição ganhou ainda mais notoriedade quando alguns de seus professores e ex-alunos integraram a equipe econômica de FHC, impondo políticas de caráter liberal. Apesar disso e de professores de outras instituições terem classificado o curso da faculdade como "fundamentalista de mercado" e "bitolado em financismos", a própria escola não se enxerga assim. "A PUC-Rio sempre se pautou por grande pluralidade", diz Juliano Assunção, coordenador de graduação.


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