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DEU NA MÍDIA
Brasil coloca a Venezuela mais perto do Mercosul
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
O ingresso da Venezuela
no Mercosul (Mercado Comum do Sul) superou mais
uma barreira. A proposta foi
aprovada na Comissão de
Relações Exteriores do Senado e agora segue para votação aberta no plenário da Casa em data a ser definida.
O tema acirrou os ânimos
no Senado e provocou um
embate tenso entre congressistas da base do governo e da
oposição. Os governistas, representados pelo senador
Tasso Jereissati (PSDB-CE),
argumentavam que as recentes atitudes do presidente
Hugo Chávez -como o fechamento da Radio Caracas
Televisión em maio de 2007
e a ostensiva perseguição aos
partidos de oposição no
país- representam uma
ameaça à democracia e à estabilidade do Mercosul.
Romero Jucá (PMDB-RR),
líder do governo, contra-argumentava que o Brasil está
votando o ingresso da Venezuela, e não a aprovação ao
governo de Chávez.
O projeto de integração regional remonta a 1985, quando os então presidentes de
Brasil e Argentina -José
Sarney e Raúl Alfonsín- assinaram um acordo bilateral
que ficou conhecido como
Declaração de Iguaçu. Em
1991, com a assinatura do
Tratado de Assunção por
Brasil, Argentina, Uruguai e
Paraguai, nasce o Mercosul.
Nesses 18 anos de vigência
do Mercado Comum do Sul,
a Venezuela foi o primeiro
país a solicitar o ingresso. O
protocolo de adesão foi assinado em 2006 e precisa agora ser ratificado pelo parlamento dos países membros.
Argentina e Uruguai já aprovaram a entrada do país,
mas, além do Brasil, também
falta a decisão do Paraguai.
Membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a Venezuela
está entre os cinco maiores
exportadores de petróleo do
planeta, respondendo por
cerca de 15% do petróleo
consumido nos EUA. Sua
adesão acrescentaria ao
Mercosul mais 30 milhões
de consumidores e um PIB
que ultrapassa a casa dos
US$ 300 bilhões de dólares.
A parceria comercial entre
Brasília e Caracas, segundo
dados oficiais, contribuiu
com um superavit comercial
ao Brasil superior a US$ 5 bilhões de dólares em 2008.
Na última década esse comércio cresceu mais de
850%, o que faz da Venezuela o país que mais colaborou
para o crescimento da balança comercial brasileira.
Venceu o pragmatismo
político, que, associado aos
interesses econômicos, deve
trazer polpudos dividendos
comerciais ao Brasil nas próximas décadas. E mais, é inegável que a incorporação da
Venezuela abre um canal de
pressão sobre o regime de
Caracas. Pior seria conviver
com Chávez isolado e excluído da comunidade internacional.
ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile.
rcandelori@uol.com.br
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