São Paulo, terça-feira, 03 de novembro de 2009
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DEU NA MÍDIA

Brasil coloca a Venezuela mais perto do Mercosul

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O ingresso da Venezuela no Mercosul (Mercado Comum do Sul) superou mais uma barreira. A proposta foi aprovada na Comissão de Relações Exteriores do Senado e agora segue para votação aberta no plenário da Casa em data a ser definida.
O tema acirrou os ânimos no Senado e provocou um embate tenso entre congressistas da base do governo e da oposição. Os governistas, representados pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), argumentavam que as recentes atitudes do presidente Hugo Chávez -como o fechamento da Radio Caracas Televisión em maio de 2007 e a ostensiva perseguição aos partidos de oposição no país- representam uma ameaça à democracia e à estabilidade do Mercosul.
Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo, contra-argumentava que o Brasil está votando o ingresso da Venezuela, e não a aprovação ao governo de Chávez.
O projeto de integração regional remonta a 1985, quando os então presidentes de Brasil e Argentina -José Sarney e Raúl Alfonsín- assinaram um acordo bilateral que ficou conhecido como Declaração de Iguaçu. Em 1991, com a assinatura do Tratado de Assunção por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, nasce o Mercosul.
Nesses 18 anos de vigência do Mercado Comum do Sul, a Venezuela foi o primeiro país a solicitar o ingresso. O protocolo de adesão foi assinado em 2006 e precisa agora ser ratificado pelo parlamento dos países membros. Argentina e Uruguai já aprovaram a entrada do país, mas, além do Brasil, também falta a decisão do Paraguai.
Membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a Venezuela está entre os cinco maiores exportadores de petróleo do planeta, respondendo por cerca de 15% do petróleo consumido nos EUA. Sua adesão acrescentaria ao Mercosul mais 30 milhões de consumidores e um PIB que ultrapassa a casa dos US$ 300 bilhões de dólares.
A parceria comercial entre Brasília e Caracas, segundo dados oficiais, contribuiu com um superavit comercial ao Brasil superior a US$ 5 bilhões de dólares em 2008.
Na última década esse comércio cresceu mais de 850%, o que faz da Venezuela o país que mais colaborou para o crescimento da balança comercial brasileira.
Venceu o pragmatismo político, que, associado aos interesses econômicos, deve trazer polpudos dividendos comerciais ao Brasil nas próximas décadas. E mais, é inegável que a incorporação da Venezuela abre um canal de pressão sobre o regime de Caracas. Pior seria conviver com Chávez isolado e excluído da comunidade internacional.


ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile.

rcandelori@uol.com.br


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