|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HISTÓRIA
Integração de mercados mundiais
ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O processo de integração dos
mercados mundiais, conhecido
como "globalização", passará
neste mês por uma etapa importante na qual o Brasil desempenhará papel de destaque.
Haverá reuniões do G-20,
grupo de países em desenvolvimento organizado pelo Brasil, e
do G-4, EUA, União Européia,
Brasil e Índia, visando destravar a rodada de Doha, isto é, superar os obstáculos que têm dificultado uma maior liberalização comercial entre os países
vinculados à OMC.
De uma forma geral, a integração dos mercados é apresentada pelos meios de comunicação como algo positivo para todos os países que se envolvem no processo, mas isso não
é necessariamente verdadeiro,
pois muito mais importante
que a integração em si é a forma
como ela ocorre.
O mundo já passou por várias
etapas de integração dos mercados e em nenhuma delas as
vantagens foram universais e
proporcionais para todos os
participantes.
Numa perspectiva de longo
prazo, secular, podemos identificar a expansão marítima européia como a primeira etapa
no processo de formação de um
mercado integrado no ocidente. Nesta etapa, que abrangeu
os séculos 16, 17 e 18, a integração foi presidida pelo Mercantilismo e pelo Sistema Colonial.
Envolvia um rígido controle
e uma exploração sistemática
das colônias pelas metrópoles
além de um sistema de concorrência entre as potências no
qual qualquer vantagem obtida
por um Estado implicava em
desvantagens para os demais.
Por exemplo, num período
de tempo em que a quantidade
de ouro permanecesse constante, o acúmulo do metal em
grande quantidade por um Estado, implicava em perda para
todos os demais.
A partir do século 18 e mais
especialmente, do século 19,
com a consolidação do capitalismo industrial e das doutrinas liberais, a concorrência
deixou de ser encarada como
um jogo de soma zero, no qual
o ganho de um implica perda
para os demais. Ela passou a
ser vista como benéfica para
todos.
Nesta nova visão, o progresso e o desenvolvimento eram
frutos diretos do incremento
da liberdade comercial e facilidade de troca entre as nações.
A história confirmou este prognóstico? Na próxima coluna
trataremos deste tema.
ROBERSON DE OLIVEIRA é professor da Escola Móbile e autor de "História do Brasil: Análise
e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD)
Texto Anterior: Enem aceita inscrições até o dia 15 Próximo Texto: Atualidades: O histórico acordo do Ulster Índice
|