São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2007
  Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HISTÓRIA

Integração de mercados mundiais

ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O processo de integração dos mercados mundiais, conhecido como "globalização", passará neste mês por uma etapa importante na qual o Brasil desempenhará papel de destaque. Haverá reuniões do G-20, grupo de países em desenvolvimento organizado pelo Brasil, e do G-4, EUA, União Européia, Brasil e Índia, visando destravar a rodada de Doha, isto é, superar os obstáculos que têm dificultado uma maior liberalização comercial entre os países vinculados à OMC.
De uma forma geral, a integração dos mercados é apresentada pelos meios de comunicação como algo positivo para todos os países que se envolvem no processo, mas isso não é necessariamente verdadeiro, pois muito mais importante que a integração em si é a forma como ela ocorre. O mundo já passou por várias etapas de integração dos mercados e em nenhuma delas as vantagens foram universais e proporcionais para todos os participantes.
Numa perspectiva de longo prazo, secular, podemos identificar a expansão marítima européia como a primeira etapa no processo de formação de um mercado integrado no ocidente. Nesta etapa, que abrangeu os séculos 16, 17 e 18, a integração foi presidida pelo Mercantilismo e pelo Sistema Colonial. Envolvia um rígido controle e uma exploração sistemática das colônias pelas metrópoles além de um sistema de concorrência entre as potências no qual qualquer vantagem obtida por um Estado implicava em desvantagens para os demais.
Por exemplo, num período de tempo em que a quantidade de ouro permanecesse constante, o acúmulo do metal em grande quantidade por um Estado, implicava em perda para todos os demais. A partir do século 18 e mais especialmente, do século 19, com a consolidação do capitalismo industrial e das doutrinas liberais, a concorrência deixou de ser encarada como um jogo de soma zero, no qual o ganho de um implica perda para os demais. Ela passou a ser vista como benéfica para todos.
Nesta nova visão, o progresso e o desenvolvimento eram frutos diretos do incremento da liberdade comercial e facilidade de troca entre as nações. A história confirmou este prognóstico? Na próxima coluna trataremos deste tema.


ROBERSON DE OLIVEIRA é professor da Escola Móbile e autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD)


Texto Anterior: Enem aceita inscrições até o dia 15
Próximo Texto: Atualidades: O histórico acordo do Ulster
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.