São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2007
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ATUALIDADES

O histórico acordo do Ulster

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Após mais de quatro décadas de conflito, protestantes e católicos formaram em maio último um governo de união para administrar a Irlanda do Norte, o Ulster. Histórico, o acordo determina a autonomia limitada do Ulster, que passa a legislar sobre questões como agricultura, educação e saúde. Última etapa do Acordo da Sexta-Feira Santa, assinado em 1998, o governo de coalizão é apontado como uma das principais conquistas do primeiro-ministro britânico, Tony Blair.
As rivalidades religiosas na Irlanda remontam ao século 17. De um lado, a maioria de irlandeses protestantes, unionistas, identificados com o domínio britânico. Do outro, a minoria irlandesa católica, republicana e nacionalista, que busca, por meio da resistência religiosa, lutar pelo fim da hegemonia britânica e pela unificação com a vizinha República da Irlanda.
No século 19, a Irlanda foi integrada ao Reino Unido da Grã-Bretanha por meio da assinatura do Union Act. Em 1922, a resistência nacionalista católica fez surgir a República da Irlanda, o Eire. Todavia, a parte norte da ilha, o Ulster, continuava como província do Reino Unido. Discriminados, os católicos intensificaram sua luta no final dos anos 1960 e foram duramente reprimidos. Com a radicalização do conflito, o IRA (Exército Republicano Irlandês), grupo extremista católico, respondeu com sucessivos atentados. O agravamento das tensões resultou na ocupação militar inglesa em 1969. Em 1972, tropas britânicas atiraram contra manifestantes católicos, matando 14 jovens irlandeses, no episódio que ficou conhecido como Domingo Sangrento.
Depois de muita violência e um saldo de cerca de 3.000 mortos, a paz parece ter chegado ao Ulster. O premiê britânico, Tony Blair, no poder desde 1997, convencido de que cumpriu sua missão, anunciou que deixará o cargo no final de junho. Mesmo com a consolidação do acordo, os militantes do IRA declararam que prosseguirão na sua busca pela independência, mas agora pela "via política".


Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile. E-mail: rcandelori@uol.com.br


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