|
Texto Anterior | Índice
ATUALIDADES
O histórico acordo do Ulster
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Após mais de quatro décadas
de conflito, protestantes e católicos formaram em maio último um governo de união para
administrar a Irlanda do Norte,
o Ulster. Histórico, o acordo
determina a autonomia limitada do Ulster, que passa a legislar sobre questões como agricultura, educação e saúde. Última etapa do Acordo da Sexta-Feira Santa, assinado em 1998,
o governo de coalizão é apontado como uma das principais
conquistas do primeiro-ministro britânico, Tony Blair.
As rivalidades religiosas na
Irlanda remontam ao século 17.
De um lado, a maioria de irlandeses protestantes, unionistas,
identificados com o domínio
britânico. Do outro, a minoria
irlandesa católica, republicana
e nacionalista, que busca, por
meio da resistência religiosa,
lutar pelo fim da hegemonia
britânica e pela unificação com
a vizinha República da Irlanda.
No século 19, a Irlanda foi integrada ao Reino Unido da Grã-Bretanha por meio da assinatura do Union Act. Em 1922, a
resistência nacionalista católica fez surgir a República da Irlanda, o Eire. Todavia, a parte
norte da ilha, o Ulster, continuava como província do Reino
Unido.
Discriminados, os católicos
intensificaram sua luta no final
dos anos 1960 e foram duramente reprimidos. Com a radicalização do conflito, o IRA
(Exército Republicano Irlandês), grupo extremista católico,
respondeu com sucessivos
atentados. O agravamento das
tensões resultou na ocupação
militar inglesa em 1969. Em
1972, tropas britânicas atiraram contra manifestantes católicos, matando 14 jovens irlandeses, no episódio que ficou
conhecido como Domingo
Sangrento.
Depois de muita violência e
um saldo de cerca de 3.000
mortos, a paz parece ter chegado ao Ulster. O premiê britânico, Tony Blair, no poder desde
1997, convencido de que cumpriu sua missão, anunciou que
deixará o cargo no final de junho. Mesmo com a consolidação do acordo, os militantes do
IRA declararam que prosseguirão na sua busca pela independência, mas agora pela "via
política".
Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile. E-mail: rcandelori@uol.com.br
Texto Anterior: História: Integração de mercados mundiais Índice
|