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FÍSICA
Aplicações ópticas na guerra e na arte
TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Duas questões de vestibulares passados conseguiram
mostrar que o estudo da óptica pode ser aplicado em situações bem diferentes.
Em uma delas, um dos
exercícios da Unicamp afirmava que, no século 3 a.C.,
quando a cidade de Siracusa
estava sitiada pelas forças
navais romanas, Arquimedes
idealizou uma das primeiras
aplicações militares da óptica. Na véspera da batalha, ele
ordenou que 60 soldados polissem seus escudos retangulares de bronze. Quando o
primeiro navio romano se
encontrava próximo da praia
para atacar, à luz do sol nascente, foi dada a ordem para
que os soldados se colocassem formando um arco e empunhassem seus escudos, como representado esquematicamente na figura. Em poucos minutos as velas do navio
estavam ardendo em chamas. Isso foi repetido para
cada navio, e assim não foi
desta vez que Siracusa caiu.
A forma de entendermos o
que ocorreu consiste em tratar o conjunto de escudos como sendo um enorme espelho côncavo.
Os raios provenientes do
Sol incidiam praticamente
paralelos ao eixo principal do
espelho, sendo refletidos nas
velas dos navios que se encontravam no foco do espelho onde toda a energia solar
era concentrada.
Em uma outra questão, o
vestibular da PUC explorou a
óptica na arte. O holandês
M.C.Escher (1898-1972),
mestre em perspectiva gráfica e fascinado pelos efeitos
visuais, criou figuras e mundos geometricamente paradoxais. Em uma de suas litografias, "Mão com Esfera Refletora", o artista segura uma
esfera que funciona como
um espelho convexo e consegue ver através dela, mesmo
que comprimida e deformada, a sua própria imagem e
quase a totalidade do ambiente que o rodeia. Sabemos
que os espelhos convexos
ampliam o campo visual e
sempre fornecem, a partir de
objetos reais, imagens virtuais, menores e direitas. Escher tornou-se famoso pela
capacidade da representação
tridimensional de objetos na
inevitável bidimensionalidade do papel e com uma personalidade bastante modesta e humilde escreveu: "Apesar de não possuir nenhum
conhecimento ou treino nas
ciências exatas, sinto muitas
vezes que tenho mais em comum com os matemáticos
do que com meus colegas artistas".
TARSO PAULO RODRIGUES é professor e
coordenador de física do Colégio Augusto Laranja e da Nova Escola
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