São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006
  Texto Anterior | Índice

FÍSICA

Aplicações ópticas na guerra e na arte

TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Duas questões de vestibulares passados conseguiram mostrar que o estudo da óptica pode ser aplicado em situações bem diferentes. Em uma delas, um dos exercícios da Unicamp afirmava que, no século 3 a.C., quando a cidade de Siracusa estava sitiada pelas forças navais romanas, Arquimedes idealizou uma das primeiras aplicações militares da óptica. Na véspera da batalha, ele ordenou que 60 soldados polissem seus escudos retangulares de bronze. Quando o primeiro navio romano se encontrava próximo da praia para atacar, à luz do sol nascente, foi dada a ordem para que os soldados se colocassem formando um arco e empunhassem seus escudos, como representado esquematicamente na figura. Em poucos minutos as velas do navio estavam ardendo em chamas. Isso foi repetido para cada navio, e assim não foi desta vez que Siracusa caiu.
A forma de entendermos o que ocorreu consiste em tratar o conjunto de escudos como sendo um enorme espelho côncavo. Os raios provenientes do Sol incidiam praticamente paralelos ao eixo principal do espelho, sendo refletidos nas velas dos navios que se encontravam no foco do espelho onde toda a energia solar era concentrada.
Em uma outra questão, o vestibular da PUC explorou a óptica na arte. O holandês M.C.Escher (1898-1972), mestre em perspectiva gráfica e fascinado pelos efeitos visuais, criou figuras e mundos geometricamente paradoxais. Em uma de suas litografias, "Mão com Esfera Refletora", o artista segura uma esfera que funciona como um espelho convexo e consegue ver através dela, mesmo que comprimida e deformada, a sua própria imagem e quase a totalidade do ambiente que o rodeia. Sabemos que os espelhos convexos ampliam o campo visual e sempre fornecem, a partir de objetos reais, imagens virtuais, menores e direitas. Escher tornou-se famoso pela capacidade da representação tridimensional de objetos na inevitável bidimensionalidade do papel e com uma personalidade bastante modesta e humilde escreveu: "Apesar de não possuir nenhum conhecimento ou treino nas ciências exatas, sinto muitas vezes que tenho mais em comum com os matemáticos do que com meus colegas artistas".


TARSO PAULO RODRIGUES é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja e da Nova Escola


Texto Anterior: Vale a pena saber/ Redação: Desenvolvimento fraco prejudica avaliação do texto
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.