THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Foi proposto ao estudante que discutisse a existência de manifestações de cunho racista na sociedade atual. Exemplos ilustravam a afirmação de que o preconceito de cor ainda persiste não só no Brasil mas em países da Europa.
O candidato só toca nesse assunto já na metade do texto. A introdução nos leva a crer que pretende discutir o capitalismo e suas mazelas, tema que conduz o texto até o final. Na realidade, pretende defender que o preconceito de cor "sempre" existiu e que, nas sociedades modernas de modelo capitalista, talvez se tenha acentuado. Acredita ainda que o desenvolvimento dos meios de comunicação, que amplificou a divulgação dos fatos, nos faz imaginar que o problema hoje seja maior que antes.
O fato é que não discute efetivamente o racismo. O tema parece ter sido deslocado para uma posição secundária, o que certamente prejudica a avaliação do texto.
Poderia ter abordado também de maneira positiva a questão da repercussão que a mídia proporciona aos fatos. Se, por um lado, ela pode até ampliá-los, por outro, certamente cumpre um papel muito importante para a sociedade, pois somente a divulgação dos acontecimentos pode levar à mobilização e à conscientização. Faltou desenvolver o debate e chegar a uma conclusão consistente. Uma afirmação vaga, do tipo "o ser humano precisa parar para pensar e mudar o rumo de sua história" não é suficiente para concluir um debate, qualquer que seja ele.
Nota-se que o estudante tem alguma dificuldade de organizar as idéias. O texto tem muitas interrogações e poucas respostas. Valeria a pena refletir mais sobre o tema e, sobretudo, buscar um posicionamento crítico sobre ele.

thaisncamargo@uol.com.br


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