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CARREIRA
Desconhecida, terapia ocupacional cresce
Função de profissional é reabilitar paciente a executar funções para que ele leve vida normal
PATRÍCIA GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL
Adriana Zucker, 21, levou um
ano para perceber que veterinária não era o que ela queria.
Mudou de curso e de faculdade
e, agora que concluiu o primeiro semestre, não tem mais dúvidas: vai aproveitar um mercado em expansão para se tornar
uma terapeuta ocupacional.
A terapia ocupacional -ou
t.o.- é um campo na área de
saúde que cuida "do fazer das
pessoas", segundo a professora
Maria Auxiliadora Ferrari,
coordenadora do curso do Centro Universitário São Camilo.
Ou seja, ajuda pacientes que,
por algum motivo, não conseguem executar suas ações cotidianas a terem uma vida normal. Isso inclui desde funções
mais simples, como torcer uma
roupa, depois de uma tendinite,
até outras mais complexas, como a recuperação de um dependente químico.
Unidades de saúde, consultórios particulares e consultoria a
empresas são algumas das
áreas em que esses profissionais podem trabalhar.
Apesar de ainda ser uma graduação desconhecida, a terapia
ocupacional é regulamentada
desde o fim dos anos 1960 e,
principalmente da última década para cá, o campo de trabalho
para os terapeutas vem se expandindo muito.
Segundo a professora Regina
Rossetto, coordenadora de t.o.
da Santa Casa e conselheira do
Crefito 3 (Conselho Regional
de Fisioterapia e Terapia Ocupacional de SP), "está faltando
gente" no mercado.
Com 25 anos de carreira, ela
conta que nunca sofreu com a
falta de emprego.
Segundo o Crefito 3, são
3.736 terapeutas ocupacionais
habilitados no Estado de São
Paulo. Desses, 1.046 estão na
capital, onde o piso salarial, para uma jornada de 30 horas semanais, é de R$ 1.560.
Mesmo a maior popularização da profissão não impediu
que Larissa Ferrari, 22, formanda em t.o. pelo Centro Universitário São Camilo, tivesse
que explicar, muitas vezes nos
últimos quatro anos, que ela
não "ocupava o tempo das pessoas", mas trabalhava com promoção de saúde.
"Ninguém sabe o que é", diz
Larissa, que também só ouviu
falar na profissão quando um
teste vocacional no ano do vestibular mostrou que ela deveria
usar sua criatividade não no
curso de artes cênicas, mas na
terapia ocupacional.
Situação bastante familiar vive a vestibulanda Laís Magueta, 17, que, na dúvida entre enfermagem, psicologia e fisioterapia, escolheu prestar terapia
ocupacional.
Numa sala de cursinho com
cerca de 140 pessoas, ela é uma
das poucas que vão prestar o
curso e ainda não sabe ao certo
o que esperar da graduação.
Das inúmeras vezes em que
foi perguntada sobre o que fazia, Larissa teve trabalho para
explicar que terapia ocupacional não é fisioterapia.
"Como os terapeutas ocupacionais também trabalham na
área ortopédica, especialmente
com a recuperação funcional
dos membros superiores, muita gente confunde", afirma a terapeuta ocupacional Maria Auxiliadora Ferrari. O foco da fisioterapia, diz ela, "é o movimento", enquanto o da t.o. "é o
indivíduo como um todo".
Apesar de ambas as áreas estarem reunidas em um mesmo
conselho federal, o Coffito
(Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional),
uma não é ramificação da outra. "A t.o. é uma profissão com
corpo científico e conhecimento próprio", diz a professora
Regina Joaquim, coordenadora
do curso da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
"Nos consideramos primos",
diz a conselheira do Crefito 3.
Cursos
Assim como o mercado, a
oferta de cursos também cresceu. Segundo dados do Inep
(órgão de pesquisas do Ministério da Educação), havia, em
1999, 26 cursos presenciais de
terapia ocupacional em todo o
Brasil. Hoje, são cerca de 60.
O número de concluintes,
ainda segundo o Inep, quase
triplicou de 1999 para 2007:
saltou de 381 para 1.062.
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