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MATEMÁTICA
Contando regiões no plano
JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
No estudo de análise combinatória, é comum o uso de
recursos de contagem para a
resolução de alguns problemas geométricos. Nesse contexto, os problemas clássicos
são aqueles em que dispomos pontos sobre retas paralelas, ou sobre uma circunferência, e queremos calcular o
número de triângulos com
vértices nesses pontos.
Hoje investigaremos um
problema que, mesmo sendo
um clássico do assunto, não
é tratado com tanta frequência nos cursos regulares
de combinatória. O problema consiste em calcular o
número máximo de regiões
em que n retas podem dividir
o plano.
Observe na figura 1 que
três retas podem dividir o
plano em quatro, seis ou, no
máximo, sete regiões. Simulando outras situações, você
perceberá que o número
"máximo" de regiões ocorre
quando entre as retas dadas
não há paralelas, e quando
nenhum ponto é intersecção
de mais de duas retas.
Sendo r o número máximo
de regiões em que n retas dividem o plano, podemos
identificar, por meio de alguns desenhos, a seguinte sequência de pares (n,r): (0,1),
(1,2), (2,4), (3,7), (4,11),...
Veja que as diferenças do
número de regiões entre pares consecutivos são 1, 2, 3,
4,..., o que nos permite rescrever as seqüências dos pares (n,r) da seguinte forma:
(1, 1+1), (2, 1+1+2), (3,
1+1+2+3), (4, 1+1+2+3+4),...
Agora fica fácil perceber
que r sempre será igual a 1
acrescido da soma de n termos de uma progressão aritmética de primeiro termo e
razão iguais a 1.
Então concluímos que
r=1+[0,5.n.(n+1)].
Para o leitor familiarizado
com demonstrações por indução, recomenda-se a verificação dessa fórmula por esse método.
Outro problema semelhante, só que um pouco
mais difícil, é o seguinte: considerando n pontos distribuídos sobre uma circunferência de tal modo que o segmento ligando dois quaisquer desses pontos não passe
pelo ponto de intersecção de
outros dois segmentos, calcule o número r de regiões
obtidas no círculo quando
todos os n pontos são ligados.
Na figura 2 você pode observar que, para n=2, 3, 4, 5 temos, respectivamente, r=2,
4, 8, 16, mas não confie na
intuição, já que r não é igual a
2 elevado a n-1. (resposta:
1 + Cn,2 + Cn,4).
JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO é mestre em
ensino de matemática pela USP e professor
do Colégio Santa Cruz
jlpmello@uol.com.br
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