São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2004
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O QUE MUDA? Governo quer ampliar avaliação de curso superior
CONCEITOS, QUE VARIAVAM DE A ATÉ E, PASSARÃO A SER SATISFATÓRIO, REGULAR OU INSATISFATÓRIO LUIS RENATO STRAUSS DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A avaliação do ensino superior sofrerá mudanças neste ano. O sistema de qualificação das universidades, antes baseado em uma prova obrigatória dada aos estudantes do último ano de graduação de 26 áreas, o Provão, agora ganhará outros instrumentos. No dia 16 de dezembro, o governo federal publicou uma medida provisória que instituiu o Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior). A medida tem força de lei, com validade imediata, mas o texto ainda deve ser debatido pelo Congresso. Na medida provisória, já é possível identificar uma das mudanças que ocorrerão. Antes, as universidades eram classificadas com notas de A a E. Agora, serão divididas entre os conceitos satisfatório, regular ou insatisfatório. O Sinaes avaliará basicamente quatro itens. Um deles verificará o desempenho do aluno. Para coletar esse dado, será feita uma espécie de Provão, só que, em vez de ser aplicado para todos os alunos do último ano de graduação, apenas uma parcela dos estudantes fará a prova. Além disso, o exame será aplicado em dois momentos do curso -no primeiro ano e no último, por exemplo. Os outros itens que também serão avaliados são: 1) O processo de ensino, que reúne informações sobre os professores, como formação, atividades acadêmicas e publicações; 2) A capacidade institucional, que inclui dados de programas de pós-graduação, produção científica e instalações físicas, como laboratórios e bibliotecas; 3) O envolvimento com a sociedade -conteúdo dos cursos voltado para a solução de problemas nacionais, a relação com projetos sociais e até cotas para negros. Esses quatro indicadores compõem o chamado Ides (Índice de Desenvolvimento do Ensino Superior), que dará a classificação da universidade. Para obter esses dados, além do exame dos alunos, ainda haverá uma auto-avaliação da universidade, feita por uma comissão formada por administradores, professores e estudantes, e por uma comissão externa, feita pelo MEC. A avaliação deverá ser feita a cada três anos -hoje, o Provão é realizado anualmente. Pela medida provisória, as instituições que receberem conceitos regular ou insatisfatório terão de assinar um "pacto de ajustamento de conduta" com o MEC. O documento trará um diagnóstico objetivo das condições da instituição, encaminhamentos e ações a serem adotados, além de prazos para as melhorias. O vestibulando deve ficar atento, já que o descumprimento do pacto com o MEC pode acarretar desde a suspensão temporária da autorização de funcionamento da instituição ou do curso até a cassação da autorização ou do reconhecimento pelo ministério. Os melhores Nenhum dos dois se preparou para a prova, mas eles também não boicotaram. Já que eram obrigados a fazer o exame e acreditavam que o sistema servia de fato para avaliar a qualidade dos cursos, responderam às questões da melhor maneira. Tiveram as melhores notas no Provão de suas carreiras no ano passado. "Eu não pretendia ser o melhor. Queria fazer o exame direito para ajudar na avaliação", disse David Turchick, formado em matemática na USP em 2003. Já a preparação do também ex-estudante da USP Gustavo Bezzuoli Mano, primeiro colocado em medicina veterinária, limitou-se a olhar a prova dos anos anteriores "por curiosidade". "Tinha de fazer a prova e achava que era uma forma de avaliar. Então fiz o melhor que pude." Antes de escolherem as suas faculdades, os dois não procuraram saber os conceitos no Provão. Mano não procurou saber a nota obtida pelo seu curso, que começou a ser avaliado em 1997. "Hoje, procuraria outras fontes, mas também levaria em conta o Provão para fazer a escolha." Colaborou ANDRÉ NICOLETTI, da Reportagem Local Texto Anterior: Cartas Próximo Texto: Para não ficar sem diploma, estudante deve ficar atento às condições legais Índice |
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