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BIOLOGIA
Coevolução: parasita e hospedeiro
ISMAEL FERNANDES DE
ANDRADE
ESPECIAL PARA A FOLHA
Muitas vezes o parasitismo é
visto de forma simplista, no
qual participam o parasita como algoz e o hospedeiro, vítima. É possível dizer que essa
relação interespecífica (entre
espécies distintas) é um exemplo de coevolução, ou seja, um
processo evolutivo em conjunto, onde o hospedeiro desenvolve novas defesas contra o
parasita e este supera as barreiras impostas, com sua variabilidade genética.
Borboletas em sua fase larval
são parasitas de plantas. Em geral, determinados grupos de espécies aparentadas tendem a
alimentar-se de certas espécies
de vegetais. Por outro lado, cada grupo de plantas é atacado
por um número limitado de espécies herbívoras.
A causa dessa especialização
são os compostos secundários:
polifenóis, terpenos e alcalóides que produzem aroma desagradável, queimadura, envenenamento ou mesmo a morte de
quem as consome. Elas são chamadas de secundárias por não
estar relacionadas diretamente
com os principais processos
metabólicos como a fotossíntese ou a respiração.
Vejamos o caso da dengue,
doença tão presente na nossa
sociedade quanto nos vestibulares. Ela é causada por um arbovírus, vírus transmitido por
artrópodes, nesse caso o Aedes
aegypti. Já foram descritas quatro linhagens distintas do vírus.
Uma vez infectado, o humano consegue, com seu sistema
imune, defesa para aquela linhagem. Para que ele fique
doente novamente seria necessário que o agente etiológico
fosse de outra linhagem.
A dengue na sua forma clássica é uma doença benigna, porém, a parasitose em organismo debilitado por infecção anterior pode evoluir para a forma hemorrágica, o que pode levar o paciente à morte. A tendência evolutiva do parasita é
de se tornar menos virulento,
mas isso pode não acontecer,
se houver vantagem adaptativa
para o agente etiológico, ou seja, se ocorrer boa chance dos
genes serem transmitidos para
as outras gerações.
ISMAEL FERNANDES DE ANDRADE é bacharel
em ciências biológicas pela USP, professor do
Stockler Vestibulares e do Colégio Mater Amabilis e membro da Sociedade Brasileira de Ensino de Biologia
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