FABIO GIORDANO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando da criação dos reinos, o naturalista alemão Ernest Haeckel notou que havia diferenças fundamentais quanto à estrutura celular dos microorganismos. Foi então que se separaram os procariontes -aqueles mais primitivos, sem núcleo definido- dentro do reino monera e os eucariontes -já com núcleo definido- no reino protista.
As células procariontes são geralmente bem pequenas, tendo de 0,5 a dez micrômetros de diâmetro. Apresentam molécula circular de DNA não-combinada com proteínas básicas (histonas) e DNA em pequenos fragmentos circulares periféricos (plasmídeos) que conferem resistência a toxinas e a antibióticos.
Nas infecções causadas pelos procariontes, como as bactérias, utilizam-se meios de cultura para se conhecer a estirpe que as causam colocando-se diversos antibióticos nas culturas, para verificar qual é o mais apropriado.
Existe um número muito grande de substâncias com funções antibióticas, que diferem quanto à maneira pela qual interferem no metabolismo celular. Algumas, como o antibiótico tetraciclina, ligam-se aos ribossomos e impedem a ligação do RNA transportador. Outras (mitomicina) inibem a ação da enzima polimerase do DNA, enquanto que a estreptomicina causa erros na leitura dos códons do RNA mensageiro.
As células de eucariontes possuem organização interna mais complexa e, conseqüentemente, são mais dificilmente combatidas por antibióticos. O núcleo é formado por uma membrana dupla envolvendo o nucléolo, o DNA está organizado em forma de cromossomos e as organelas, evoluídas metabolicamente para proteger a célula.
Algumas protozooses, doenças transmissíveis causadas por eucariontes protozoários, ocupam posição de destaque entre as principais endemias brasileiras, como a malária, a doença de Chagas e a amebíase e, por isso, o metabolismo das mesmas é hoje objeto de intensa pesquisa.