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QUÍMICA
Água oxigenada garante dentes mais brancos
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Carvão, mel, sangue, vinagre, ossos moídos de coelho, urina e
olhos de caranguejo. Parece coisa
de feitiçaria, mas não é. Isso é o
que os romanos do século 1º chamavam de pasta de dente. Mas as
coisas mudaram e atualmente os
nossos dentes devem sua boa saúde e aparência branquinha principalmente ao flúor (das pastas) e à
água oxigenada (dos clareadores
dentais). Para entender a ação
dessas substâncias, precisamos
conhecer um pouco da química
de um dente. Vamos lá?
O esmalte dos dentes é constituído da translúcida e muito pouco solúvel hidroxiapatita
(Ca5(PO4)3OH). Mas, numa reação chamada desmineralização,
um pouquinho dela pode se dissolver: Ca5(PO4)3OH(s) 5 Ca2+ (aq)
+ 3 PO43-(aq) + OH-(aq). Isso explica
porque o meio ácido -formado
após a ingestão de açúcares- não
é bem recebido pelos dentes.
Acontece que os responsáveis pela acidez são os cátions H+, que
adoram os ânions OH-! Eles acabam reagindo, o que acelera a
desmineralização. Isto é, adeus
esmalte! É a hora de o flúor entrar
no jogo. Presente nas pastas na
forma de, por exemplo, MFP
(monoflúorfosfato de sódio), ele
altera a composição do esmalte
para Ca5(PO4)3F. Sem os íons OH-,
a acidez deixa de ser tão ameaçadora para os dentes, e as cáries
tornam-se menos freqüentes.
Mas a grande novidade são os
clareadores dentais. Não é segredo que vinho tinto, café e cigarro
escurecem os dentes. Isso porque
eles contêm substâncias coloridas
que se infiltram no esmalte. Abrasivos como o carbonato de cálcio
das pastas dão um jeito nas manchas mais superficiais. Mas e as
mais profundas?
Foi na década de 70 que os dentistas perceberam que a água oxigenada (H2O2), utilizada para curar lesões nas bocas de seus pacientes, "coincidentemente" clareava seus dentes. O que estava
acontecendo?
A química explica: muitos pigmentos devem sua coloração a
moléculas com uma seqüência de
carbonos unidos por ligações
simples (C-C) e duplas (C=C), alternadamente. As frágeis ligações
presentes nas duplas (consulte
o seu professor!) são alvos fáceis
para o poderoso ataque oxidante
do H2O2, que encaixa o seu "átomo extra" de oxigênio na molécula colorida, transformando-a em
um epóxido (veja quadro acima).
Com a destruição das duplas, os
pigmentos têm suas constituições
alteradas e sua cor desaparece!
Resultado: sorrisos mais brancos!
Ficou claro?
Luís Fernando Pereira é professor do
curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail:
lula7@terra.com.br
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