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BOAS-VINDAS
Trote pode ser tradicional ou incluir ação solidária
USP oferece um serviço telefônico para denúncias de ações violentas
PATRÍCIA GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a lista de aprovados no
vestibular trouxe uma boa notícia, agora é hora de separar a
blusa mais velhinha, a calça
jeans mais surrada e se preparar para a maratona de brincadeiras que esperam bixos e bixetes. O trote está aí.
Nesta semana, calouros de
universidades como USP, Insper, Unicamp, Mackenzie e
PUC-SP vão, de alguma forma,
passar por esse momento.
No Mackenzie, o trote será
solidário. Hoje, haverá doações
de água e biscoito para as vítimas das enchentes, doação de
sangue e cadastro para ser doador de medula óssea. No Insper, a semana tem palestras,
gincana e aula magna. Na PUC,
em paralelo à programação elaborada pela universidade, os
veteranos promovem fora dos
campi as brincadeiras mais tradicionais do trote (leia mais sobre o trote solidário na pág. 4).
Por tradicional, entende-se
calouros pintados pedindo dinheiro no sinal, cabeças raspadas, festa e brincadeiras.
É isso o que espera os calouros de USP e Unicamp hoje. Veteranos dessas universidades
costumam se antecipar ao início das aulas e recebem os novos colegas com trote já na matrícula, que começou ontem.
Bruno Cesar Burin, 20, diz
que está ansioso. A brincadeira
já começou. No dia em que soube que tinha passado para engenharia química na USP, correu para comemorar no cursinho onde estudou. Lá foi pintado e teve a cabeça parcialmente
raspada. "Já está faltando metade do cabelo."
A ansiedade, conta Bruno,
tem motivo. Ele fez três anos de
pré-vestibular, chegou a passar
para o mesmo curso na UFSCar
(federal de São Carlos), estudou lá durante um mês e desistiu para correr atrás de seu sonho, a Poli. "Vou adorar voltar
para casa de ônibus, sujo de tinta. Os vizinhos vão ver que todo
o meu esforço valeu a pena."
O momento pelo qual Bruno
vai passar é único e socialmente importante, afirma Antônio
Zuin, professor do departamento de educação da UFSCar
e autor do livro "O Trote na
Universidade: Passagens de um
Rito de Iniciação". "Ele [o momento] marca a passagem da
fase da constituição da adolescência para a fase adulta", diz.
Mas, para quem não tem a
disposição de Bruno, Oswaldo
Crivello Júnior, coordenador
do grupo pró-calouro da USP,
deixa o recado: ninguém é obrigado a participar e, caso sinta
que está sofrendo algum abuso,
deve procurar a universidade.
O número do disque-trote da
USP é 0800-0121090, e o serviço já está funcionando.
"Venham sem medo e aproveitem este momento de festa",
diz Crivello Júnior.
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