São Paulo, terça-feira, 09 de fevereiro de 2010
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BOAS-VINDAS

Trote pode ser tradicional ou incluir ação solidária

USP oferece um serviço telefônico para denúncias de ações violentas


PATRÍCIA GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a lista de aprovados no vestibular trouxe uma boa notícia, agora é hora de separar a blusa mais velhinha, a calça jeans mais surrada e se preparar para a maratona de brincadeiras que esperam bixos e bixetes. O trote está aí.
Nesta semana, calouros de universidades como USP, Insper, Unicamp, Mackenzie e PUC-SP vão, de alguma forma, passar por esse momento.
No Mackenzie, o trote será solidário. Hoje, haverá doações de água e biscoito para as vítimas das enchentes, doação de sangue e cadastro para ser doador de medula óssea. No Insper, a semana tem palestras, gincana e aula magna. Na PUC, em paralelo à programação elaborada pela universidade, os veteranos promovem fora dos campi as brincadeiras mais tradicionais do trote (leia mais sobre o trote solidário na pág. 4).
Por tradicional, entende-se calouros pintados pedindo dinheiro no sinal, cabeças raspadas, festa e brincadeiras.
É isso o que espera os calouros de USP e Unicamp hoje. Veteranos dessas universidades costumam se antecipar ao início das aulas e recebem os novos colegas com trote já na matrícula, que começou ontem.
Bruno Cesar Burin, 20, diz que está ansioso. A brincadeira já começou. No dia em que soube que tinha passado para engenharia química na USP, correu para comemorar no cursinho onde estudou. Lá foi pintado e teve a cabeça parcialmente raspada. "Já está faltando metade do cabelo."
A ansiedade, conta Bruno, tem motivo. Ele fez três anos de pré-vestibular, chegou a passar para o mesmo curso na UFSCar (federal de São Carlos), estudou lá durante um mês e desistiu para correr atrás de seu sonho, a Poli. "Vou adorar voltar para casa de ônibus, sujo de tinta. Os vizinhos vão ver que todo o meu esforço valeu a pena."
O momento pelo qual Bruno vai passar é único e socialmente importante, afirma Antônio Zuin, professor do departamento de educação da UFSCar e autor do livro "O Trote na Universidade: Passagens de um Rito de Iniciação". "Ele [o momento] marca a passagem da fase da constituição da adolescência para a fase adulta", diz.
Mas, para quem não tem a disposição de Bruno, Oswaldo Crivello Júnior, coordenador do grupo pró-calouro da USP, deixa o recado: ninguém é obrigado a participar e, caso sinta que está sofrendo algum abuso, deve procurar a universidade. O número do disque-trote da USP é 0800-0121090, e o serviço já está funcionando.
"Venham sem medo e aproveitem este momento de festa", diz Crivello Júnior.


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