|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BOAS-VINDAS
Faculdades propõem trocar o trote pela recepção a calouros
Instituições têm apostado na responsabilidade social
DA REPORTAGEM LOCAL
Em vez de litros de tinta guache, quilos de alimento não perecível; no lugar de um churrasco regado a cerveja, uma palestra com alguém renomado no
mercado; melhor do que um dia
inteiro pedindo dinheiro no sinal para organizar uma festa,
uma arrecadação para uma entidade de apoio social.
Para tentar coibir a prática
de trotes violentos na chegada
dos novos alunos, as universidades institucionalizaram a recepção dos calouros, organizando as atividades de boas-vindas e oferecendo, além de
palestras sobre a instituição, a
oportunidade de alunos participarem de campanhas sociais.
A Fundação Educar DPaschoal confere o prêmio Trote
da Cidadania às melhores iniciativas e dá ideias de como organizar um evento de recepção
solidária no site www.troteda
cidadania.org.br. Nesse espírito, a Fiap promove uma arrecadação de alimentos, que vai
beneficiar 12 instituições beneficentes. Apenas no primeiro
dia, foram reunidos 872 quilos
de mantimentos.
A estratégia da ESPM-SP para desestimular o trote é combinar brincadeiras, como futebol de sabão e campeonato de
truco, com ações solidárias, como a entrega de material didático à Fundação Gol de Letra.
Apesar da preocupação da
ESPM, um incidente envolvendo dois calouros na semana
passada foi registrado nas imediações da escola -um deles ficou ferido depois de uma briga
e foi parar no hospital. A instituição afastou o agressor das
atividades acadêmicas e levou
o caso ao seu Conselho Acadêmico, que apura os fatos.
Em São Paulo, uma lei de
1999 proíbe o trote violento e
obriga instituições a tomarem
as medidas cabíveis quando isso ocorrer. A lei surgiu após a
morte de Edson Hsueh, calouro de medicina da USP, que se
afogou na piscina numa festa.
Segundo Antonio Zuin, professor da UFSCar que estudou
o trote e publicou um livro a
respeito, o ocorrido marca um
divisor de águas na forma como
a instituição lida com o trote.
Na USP, a partir de 1999 as
denúncias de agressão podem
ser feitas pelo disque-trote, um
serviço que fica disponível ao
aluno das 9h às 21h por quatro
semanas. Segundo Oswaldo
Crivello Júnior, coordenador
do grupo pró-calouro da USP, o
número de queixas tem diminuído ao longo dos anos. "No
início, não havia a organização
da instituição. Só os veteranos
cuidavam disso [de receber os
alunos novos]", diz o professor.
Texto Anterior: Artistas protegem calouros de excesso na PUC Próximo Texto: Enem: Inscrição em sistema recomeça na 2ª Índice
|