São Paulo, terça-feira, 09 de fevereiro de 2010
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BOAS-VINDAS

Faculdades propõem trocar o trote pela recepção a calouros

Instituições têm apostado na responsabilidade social

DA REPORTAGEM LOCAL

Em vez de litros de tinta guache, quilos de alimento não perecível; no lugar de um churrasco regado a cerveja, uma palestra com alguém renomado no mercado; melhor do que um dia inteiro pedindo dinheiro no sinal para organizar uma festa, uma arrecadação para uma entidade de apoio social.
Para tentar coibir a prática de trotes violentos na chegada dos novos alunos, as universidades institucionalizaram a recepção dos calouros, organizando as atividades de boas-vindas e oferecendo, além de palestras sobre a instituição, a oportunidade de alunos participarem de campanhas sociais.
A Fundação Educar DPaschoal confere o prêmio Trote da Cidadania às melhores iniciativas e dá ideias de como organizar um evento de recepção solidária no site www.troteda cidadania.org.br. Nesse espírito, a Fiap promove uma arrecadação de alimentos, que vai beneficiar 12 instituições beneficentes. Apenas no primeiro dia, foram reunidos 872 quilos de mantimentos.
A estratégia da ESPM-SP para desestimular o trote é combinar brincadeiras, como futebol de sabão e campeonato de truco, com ações solidárias, como a entrega de material didático à Fundação Gol de Letra.
Apesar da preocupação da ESPM, um incidente envolvendo dois calouros na semana passada foi registrado nas imediações da escola -um deles ficou ferido depois de uma briga e foi parar no hospital. A instituição afastou o agressor das atividades acadêmicas e levou o caso ao seu Conselho Acadêmico, que apura os fatos.
Em São Paulo, uma lei de 1999 proíbe o trote violento e obriga instituições a tomarem as medidas cabíveis quando isso ocorrer. A lei surgiu após a morte de Edson Hsueh, calouro de medicina da USP, que se afogou na piscina numa festa.
Segundo Antonio Zuin, professor da UFSCar que estudou o trote e publicou um livro a respeito, o ocorrido marca um divisor de águas na forma como a instituição lida com o trote.
Na USP, a partir de 1999 as denúncias de agressão podem ser feitas pelo disque-trote, um serviço que fica disponível ao aluno das 9h às 21h por quatro semanas. Segundo Oswaldo Crivello Júnior, coordenador do grupo pró-calouro da USP, o número de queixas tem diminuído ao longo dos anos. "No início, não havia a organização da instituição. Só os veteranos cuidavam disso [de receber os alunos novos]", diz o professor.


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