São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002
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LONGE DO CAMPUS

CURSOS SUPERIORES MAIS COMUNS AINDA SÃO OS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Privadas e públicas oferecem graduação e disciplinas à distância

Fabiana Beltramin/Folha Imagem
PRATICIDADE O estudante Jardel Aparecido, 25, do segundo ano de contabilidade da Unisa, que optou por cursar uma disciplina à distância oferecida pela universidade e diz que agora pode escolher o melhor horário para estudar e "acessar o site do curso no trabalho"

FÁBIO PORTO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Você já pensou em fazer faculdade à distância? Hoje ainda são poucas as instituições que oferecerem essa opção, mas em breve esses cursos deverão tornar-se corriqueiros e coexistir com os convencionais nas principais universidades do país, a exemplo do que ocorre em muitos outros países (leia texto na pág. 5).
Hoje existem 13 cursos de graduação à distância autorizados pelo MEC (Ministério da Educação) no país, mas várias universidades já oferecem disciplinas da grade curricular de seus cursos nesse formato. Essas universidades estão amparadas no parecer 2.253 do MEC, que autoriza os cursos superiores a ter até 20% de seu currículo oferecido à distância.
A Unisa (Universidade de Santo Amaro), de São Paulo, é um exemplo. A instituição passou a oferecer, há cerca de duas semanas, duas disciplinas, comuns a vários cursos de graduação, à distância. A USP (Universidade de São Paulo), a UnB (Universidade de Brasília) e a Universidade Anhembi-Morumbi, na capital paulista, oferecem aulas nesse formato, em caráter experimental.

Formação de professores
Dos 13 cursos de graduação à distância reconhecidos hoje, sete são de pedagogia ou de formação superior de professores. O motivo é a exigência da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), de 1996, de que todos os professores da rede pública de ensino tenham nível superior até 2007, o que gerou uma grande demanda por cursos do gênero.
Um exemplo é o convênio firmado entre a Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina) e 169 municípios do interior do Estado, que hoje permite a cerca de 15 mil professores da rede pública cursar pedagogia.
Segundo o coordenador-geral de implementação de políticas estratégicas para o ensino superior do MEC, Eduardo Machado, a motivação do primeiro decreto que regulamenta os cursos de graduação à distância foi, de fato, a necessidade da difusão de programas emergenciais para a formação de professores. "Porém o perfil dos cursos superiores à distância deve mudar", afirma.
Como exemplo, ele cita pedidos de reconhecimento de cursos de turismo e economia. Hoje, cerca de 50 solicitações de credenciamento de cursos à distância estão em trâmite no MEC.
Um dos casos em que a graduação não tem como objetivo a formação de professores é o da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio Grande do Sul, que oferece o curso de engenharia química com ênfase em operação petroquímica, em parceria com a OPP Petroquímica, empresa produtora de resinas. O curso, com duração de seis anos, teve sua primeira turma em 2000 e é destinado aos funcionários da indústria.

Cursos em SP
No mapa da graduação à distância no Brasil, chama a atenção o fato de não haver nenhuma disponível no Estado de São Paulo.
"Costumo ouvir com freqüência que esse tipo de educação poderia representar uma queda na qualidade do ensino. Essa é uma falácia, porque a qualidade não tem nenhuma relação com a presença física do aluno", diz Eduardo Chaves, professor da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e especialista no uso da tecnologia na educação.
Gabriel Mário Rodrigues, reitor da Anhembi-Morumbi e presidente do Instituto UVB (uma associação de dez universidades, que tem o objetivo de pesquisar e oferecer cursos à distância), considera circunstancial a ausência de cursos nesse formato no Estado. "Até o fim do ano, a UVB deverá ter seis cursos de graduação na área de negócios."



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