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HISTÓRIA
Eleições presidenciais e a Aliança Liberal
ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O rompimento do acordo entre
São Paulo e Minas Gerais para
as eleições presidenciais de 1930
quebrou a aliança que sustentava
a República Velha (1889/1930).
Em 1929, o presidente Washington Luís indicou outro paulista,
Júlio Prestes, para sucedê-lo. O
presidente do Estado de Minas
Gerais, Antonio Carlos, sentindo-se traído, buscou o apoio dos governantes do Rio Grande do Sul e
da Paraíba e formaram a Aliança
Liberal, com Getúlio (RS) e João
Pessoa (PB) à frente. Iniciava-se a
uma das mais acirradas disputa
eleitoral daquele período.
A crise da Bolsa de New York,
em outubro de 1929, só fez contribuir para a intransigência paulista
em torno de seu candidato. Depois da "aterrissagem" forçada da
Bolsa, as exportações brasileiras
de café para os EUA caíram de
forma inédita. Os cafeicultores
paulistas perceberam rapidamente que precisariam de todo o
apoio para superar as dificuldades que se avizinhavam.
Assim, para a oligarquia paulista, depois de outubro de 1929, a
eleição de Júlio Prestes visava garantir no comando do Estado republicano um presidente articulado aos interesses da cafeicultura. Ele, certamente, não pouparia
esforços para mobilizar todos os
recursos ao alcance do governo
afim de atenuar os efeitos da crise.
Apesar da vitória de Júlio Prestes nas eleições de 1930, era evidente para outros setores das oligarquias brasileiras, para burguesia industrial emergente, para setores do Exército e para classes
médias que a economia brasileira
não poderia continuar a depender de um único produto. Era necessário buscar alternativas de desenvolvimento mais diversificadas que tornassem o país menos
vulnerável às crises externas, como aquela que nos atingia, o que
implicava por fim à hegemonia
paulista sobre o estado republicano. Um incidente, o assassinato
de João Pessoa, candidato a vice-presidente na chapa da Aliança
Liberal, catalisou a indignação
contra o governo de Washington
Luís e criou condições favoráveis
para o golpe de Estado que colocou Getúlio Vargas no poder, e
que foi denominado por ele próprio de "Revolução de 30".
À parte a polêmica que cerca este acontecimento, não há como
negar que tem início aí uma das
fases mais importantes de modernização do Estado e da economia
brasileira ocorridas no século 20.
Roberson de Oliveira é autor de "História
do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na Universidade Grande ABC
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