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QUÍMICA
Dos elefantes às bolas de futebol: parte 1
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Azteca, Etrusco, Questra e Tricolore. São esses os nomes das
bolas usadas nas últimas Copas
do Mundo. Rápidas, impermeáveis e resistentes, elas são feitas de
plástico. Mas nem sempre foi assim. Até a Copa de 1982 usavam-se bolas de couro, que na chuva ficavam pesadas, tornando o jogo
lento. A partir da Copa de 1986,
esse problema acabou. As bolas
de plástico entraram em campo!
A história das bolas também é, de
certo modo, uma viagem pela história da química. Vamos nessa?
Os plásticos surgiram na segunda metade do século 19. Até então,
pentes, botões, bolas de bilhar etc.
eram feitos com o marfim dos
cascos e das presas dos elefantes.
Aos poucos, os bichos, caçados
sem dó, foram desaparecendo. O
marfim se tornou escasso e mais
caro. Para fugir da falência, uma
empresa inglesa de bolas de bilhar
lançou uma gincana científica:
daria US$ 10 mil a quem inventasse um substituto do marfim.
O americano John Hyatt aceitou
o desafio. Ele e seu irmão logo
descobriram que nitrato de celulose, cânfora e álcool, aquecidos
sob pressão, produziam um plástico bom para fazer bolas de bilhar. Hoje, o nome desse "vovô"
dos plásticos é celulóide.
Foi um sucesso imediato. O celulóide ganhou dezenas de usos:
de armações de óculos a teclas de
piano -sorte dos elefantes. Mas,
como nada é perfeito, Hyatt não
ganhou o prêmio: o celulóide era
inflamável! Em bares do Velho
Oeste americano, o bilhar pegava
fogo, literalmente, quando as bolas de celulóide explodiam numa
tacada mais forte.
Como você já sabe, o celulóide é
um plástico. Mas o que é um plástico? Em linguagem técnica, plásticos são polímeros (do grego
"poli", muitas, e "meros", partes).
Para entender os polímeros, imagine milhares de pessoas em um
parque. Numa certa hora, todas se
dão as mãos, formando uma longa corrente humana. Se cada uma
delas fosse uma molécula (por
exemplo, o etileno, C2H4), teria-se
formado um polímero (nesse caso, chamado polietileno).
Polímeros são moléculas muito
grandes. Apresentam longas cadeias de átomos, normalmente
carbono, em que uma unidade
química se repete muitas vezes
-como na corrente humana, em
que cada pessoa é essa unidade
química. John Hyatt pode não ter
levado o prêmio, mas sem dúvida
deu a partida para uma nova era,
a era dos polímeros. Não perca a
continuação dessa história!
Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail: lula5@ig.com.br
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