São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002
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CARREIRA/BIOLOGIA

DAR AULAS NO ENSINO MÉDIO É A OPÇÃO DE MUITOS FORMANDOS

Concorrido, curso oferece mais que genética e ambiente

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A grande exposição nos meios de comunicação de temas ligados à genética e ao ambiente vem fazendo com que a procura pelo curso de biologia seja cada vez maior. Mas o curso e a carreira são bem mais amplos que esses dois campos de atuação.
Dar aulas para os ensinos fundamental e médio é uma das ocupações que mais absorvem os formandos de biologia. "Conseguir acrescentar alguma coisa na formação do aluno é emocionalmente recompensador. Quando isso acontece, não se pensa no salário que é pago", disse Ernesto Birner, professor de biologia do Anglo e autor de livros didáticos.
Outra área que atrai boa parte dos formandos, principalmente nas universidades públicas, é a pesquisa dentro da universidade ou em centros especializados.
O caminho natural, nesse caso, é o estudante começar o mestrado ou algum curso de especialização logo após concluir a graduação. Uma bolsa de mestrado para dedicação exclusiva, dependendo da instituição que a forneça, pode variar de R$ 700 a R$ 1.000.
Após concluir o mestrado e o doutorado, o biólogo pode dar aulas em outras instituições de ensino superior. "O número de faculdades particulares no país está aumentando, e o biólogo pode lecionar não só no curso de biologia mas nos de medicina e de odontologia, por exemplo", afirmou Waverli Neuberger, professora da Universidade Metodista de São Paulo.
A biotecnologia é uma das áreas que mais vêm crescendo no Brasil, mas não só os biólogos podem atuar nela. Veterinários, agrônomos e outros profissionais disputam as vagas em indústrias de alimentos e farmacêuticas, por exemplo, em que seres vivos são utilizados em alguns processos, como na fermentação da cerveja e na obtenção de insulina.
A genética também não é uma área exclusiva dos biólogos. Adilson Leite, do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética da Unicamp, recomenda a quem quiser atuar na área que faça um curso de especialização, independentemente da graduação.
O profissional da área trabalha, na maior parte do tempo, no laboratório ou em campo, onde são coletados materiais de animais ou plantas. "O trabalho é um pouco rotineiro. Geralmente a cada semana eu começo um mesmo ciclo de atividades", disse Alessandra da Silveira, analista de laboratório da Monsanto, uma das maiores empresas do setor no mundo.
A carreira de Alessandra exemplifica a diversidade de ocupações que um biólogo pode ter. Na graduação ela fez iniciação científica em parasitologia e, após se formar, começou a lecionar e fez uma especialização em orientação sexual. Há um ano e meio, começou a trabalhar com genética.
Outra área da biologia é a relacionada ao ambiente, em que o biólogo pode trabalhar em ONGs, em órgãos do governo ou em indústrias. "A legislação relativa ao ambiente está cada vez mais dura e as empresas precisam controlar o que fazem com seus resíduos", disse Clodoaldo Gazzetta, biólogo da ONG S.O.S. Mata Atlântica.
Segundo ele, o trabalho de um ambientalista não é totalmente externo. "A maior parte do tempo estamos na frente do computador. Quando vamos a campo, estamos tão concentrados que nem reparamos na paisagem."



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