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VALE A PENA SABER
QUÍMICA
"Propaganda enferrujada"
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
No começo, era apenas um
estranho outdoor acinzentado. Não havia imagem ou
texto. Poucos dias depois, surgia a propaganda do automóvel A2, da Audi. Parece mágica,
mas é pura química!
O outdoor havia sido brilhantemente construído de
maneira que o desenho do carro e o slogan fossem feitos de
alumínio e o resto da estrutura,
de ferro. Mas o ferro, com o
passar do tempo, oxida (enferruja), o que o deixa alaranjado.
Como o alumínio não sofre essa alteração de cor, o desenho
da propaganda se revela.
Acontece que uma consulta à
tabela de potenciais de oxidação (E0ox) deixa uma dúvida no
ar: se o E0ox (+1,66V) do alumínio é maior que o do ferro
(+0,44V), por que só o segundo
sofre oxidação? Aqui cabe uma
explicação: é o E0ox que mede a
inclinação que um metal, por
exemplo, tem de se oxidar.
Quanto mais alto for esse potencial, maior a tendência de
ele ser corroído.
Como toda oxidação é acompanhada de uma redução, surge outra pergunta: quem está se
reduzindo? Essa é fácil: o oxigênio do ar! A reação de redução
na qual ele conta com a ajuda
da umidade do ar é: O2 + 2 H2O
+ 4 elétrons 4 OH-.
Só que para essa redução
acontecer são necessários elétrons, que vêm do ferro! Olhe
só a reação global: 2 Fe + O2 +
2 H2O 2 Fe(OH)2. Esse hidróxido de ferro II é um dos componentes da ferrugem.
Mas uma pergunta continua
sem resposta: por que o alumínio não é igualmente oxidado?
Não se engane: esse metal também sofre, sim, oxidação. Afinal, como vimos, seu E0ox é mais
alto que o do ferro. Acontece
que, nesse processo, uma camada de óxido de alumínio é
formada. Essa substância gruda na superfície do metal formando uma cobertura que acaba protegendo as camadas internas do alumínio de futuros
ataques do oxigênio. Quer dizer, o alumínio acaba sendo resistente à ação oxidante do ar.
Era exatamente essa a informação que o outdoor quis passar: sendo a estrutura do Audi
A2 toda de alumínio, ela, além
de leve, não será corroída pelo
tempo. Uau!!
Luís Fernando Pereira é professor
do curso Intergraus e coordenador
de química do sistema Uno/Moderna.
E-mail: lula7@terra.com.br
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