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      São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2003
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PARCELE SEUS ESTUDOS

Começar a preparação cedo melhora o rendimento e diminui o estresse

José Nascimento/ Folha Imagem
Hanna Park, em frente à Faculdade de Direito da USP, onde entrou em 9º lugar. Ela também foi a primeira colocada geral no exame da Unifesp


TENTAR APRENDER TODO O CONTEÚDO EM POUCOS MESES PODE DIFICULTAR INGRESSO

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda faltam por volta de oito meses para começar a maioria dos grandes vestibulares. Mas, quanto antes iniciar sua preparação, menos o candidato vai sofrer às vésperas dos exames.
Os processos seletivos costumam cobrar todo o conteúdo visto durante os três anos do ensino médio. Tentar aprender tudo em três ou quatro meses provavelmente dificultará o ingresso em carreiras mais concorridas.
"O ideal é começar a estudar o quanto antes e fazê-lo aos poucos. Deixar acumular a matéria no final do ano aumenta a ansiedade e o estresse", disse Cintia Freller, professora de psicologia da USP.
Segundo ela, o aluno que deixa para estudar nos últimos meses e percebe que há muito conteúdo que ainda não domina tem sua carga de nervosismo aumentada, o que prejudica o seu rendimento. Se, pelo contrário, ele começa cedo e vê que está em dia com a matéria, sente-se mais seguro.

Qualidade de estudo
A psicopedagoga Silvia Amaral de Mello Pinto afirma que, deixando para estudar só no final do ano, o candidato prejudicará também a qualidade de seu estudo. "Em cima da hora, pode-se fazer uma revisão de alguns tópicos, mas não é possível aprofundar-se neles."
Para a também psicopedagoga Fátima Gola, a preparação antecipada para o vestibular ajuda a se acostumar com o formato das provas, como os testes de múltipla escolha e as formas de abordar os assuntos. "Existe uma preparação para a linguagem do vestibular. Dependendo de que e de onde quer estudar, o jovem deve começar a se preparar cedo."
Mesmo tendo começado a se preocupar com o vestibular ainda no ensino médio, Hanna Park -primeira colocada no último exame da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), mas que preferiu cursar direito na USP- ficou com algumas matérias atrasadas. No início do ano, ela tentava colocar as disciplinas em dia nos finais de semana. Quando percebeu que já dominava os tópicos principais, entretanto, deixou de lado o que considerava menos importante.
Segundo Park, 19, ter começado a estudar cedo acabou "diluindo o estresse". "Depois do colegial, já estava acostumada com o ritmo de estudo. O cursinho não foi uma grande mudança", disse ela.
No ensino médio, estudar tendo uma preocupação maior do que passar de ano pode facilitar o trabalho durante o cursinho. "Não aprendi nada de novo no cursinho. Foi muito mais uma revisão", disse Park.
Com uma boa formação escolar, o estudante também desenvolve as chamadas habilidades e competências, como capacidade de interpretar textos, raciocínio lógico e espírito crítico, o que é difícil de ser feito em poucos meses.
Tendo essas capacidades, o aprendizado dos conteúdos fica mais simples, porque, por exemplo, o aluno consegue relacionar as informações novas com outras que já sabia. "Essas habilidades desenvolvem-se não apenas na escola mas também na vida cultural, visitando museus, lendo livros ou vendo filmes", disse Silvia Amaral.
A redação, uma das habilidades mais importantes, sempre exigida nos exames, não se aprende em pouco tempo. "Redação não se aprende de um dia para o outro. É um processo constante de aperfeiçoamento. Por isso, quanto antes começar a treinar, melhor o estudante escreverá", disse Thaís Nicoleti de Camargo, consultora de português da Folha.


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