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GEOGRAFIA
Conflito pode ser pretexto para questão
EDER MELGAR
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em tempos de guerra como a
atual, contra o governo iraquiano ou contra a coalizão, depende
sempre do ponto de vista, os vestibulandos podem aproveitar as
inúmeras reportagens sobre o
conflito para ampliar seus conhecimentos sobre os vários assuntos
relacionados a ele.
É provável que muitos vestibulares incluam em suas provas
uma questão sobre o tema, porém
convém lembrar que, em outras
oportunidades em que um conflito chamava demasiadamente a
atenção do público, as questões
nem sempre cobravam as suas
causas ou as suas conseqüências.
É muito comum os examinadores
utilizarem o conflito em destaque
apenas como pretexto para fazer
questões bem tradicionais sobre
os aspectos naturais da região ou
sobre as características socioeconômicas das populações locais.
Muitas vezes, as questões são
ainda mais simples, cobrando do
aluno apenas a capacidade de
identificar em um mapa a localização dos países em questão. Este
último aspecto é um item freqüentemente deixado de lado pelos estudantes e acaba se transformando em um duplo problema.
Primeiro, podem ter dificuldades em questões que lhes peçam
que apontem, por exemplo, o
Iraque em um mapa do Oriente
Médio.
Segundo, dificulta muito a compreensão de alguns pontos do
conflito. Por exemplo, quando
lêem algo como "é óbvio que a negativa da Turquia de permitir o
avanço de tropas a partir de seu
território obrigou os EUA a rever
sua estratégia para atacar Bagdá e
minimiza a participação curda...",
não acham nada óbvio se não
conseguem imaginar que a porção meridional (sul) do território
turco faz fronteira com a porção
setentrional (norte) do Iraque,
exatamente onde se encontra o
povo curdo, que há tempos luta
pela criação de um Estado independente na região e foi violentamente reprimido por tropas de
Saddam Hussein.
Eder Melgar é coordenador de geografia do curso Intergraus
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