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      São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2003
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GEOGRAFIA

Conflito pode ser pretexto para questão

EDER MELGAR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em tempos de guerra como a atual, contra o governo iraquiano ou contra a coalizão, depende sempre do ponto de vista, os vestibulandos podem aproveitar as inúmeras reportagens sobre o conflito para ampliar seus conhecimentos sobre os vários assuntos relacionados a ele.
É provável que muitos vestibulares incluam em suas provas uma questão sobre o tema, porém convém lembrar que, em outras oportunidades em que um conflito chamava demasiadamente a atenção do público, as questões nem sempre cobravam as suas causas ou as suas conseqüências. É muito comum os examinadores utilizarem o conflito em destaque apenas como pretexto para fazer questões bem tradicionais sobre os aspectos naturais da região ou sobre as características socioeconômicas das populações locais.
Muitas vezes, as questões são ainda mais simples, cobrando do aluno apenas a capacidade de identificar em um mapa a localização dos países em questão. Este último aspecto é um item freqüentemente deixado de lado pelos estudantes e acaba se transformando em um duplo problema.
Primeiro, podem ter dificuldades em questões que lhes peçam que apontem, por exemplo, o Iraque em um mapa do Oriente Médio.
Segundo, dificulta muito a compreensão de alguns pontos do conflito. Por exemplo, quando lêem algo como "é óbvio que a negativa da Turquia de permitir o avanço de tropas a partir de seu território obrigou os EUA a rever sua estratégia para atacar Bagdá e minimiza a participação curda...", não acham nada óbvio se não conseguem imaginar que a porção meridional (sul) do território turco faz fronteira com a porção setentrional (norte) do Iraque, exatamente onde se encontra o povo curdo, que há tempos luta pela criação de um Estado independente na região e foi violentamente reprimido por tropas de Saddam Hussein.


Eder Melgar é coordenador de geografia do curso Intergraus


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