THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Faltou desenvolver as idéias. O candidato esquivou-se de tomar uma posição e apenas glosou o tema, isto é, explicou-o com outras palavras. E o resultado disso é um texto repetitivo e sem conclusão.
Pressupõe-se que a intenção do redator, como aponta o título do texto, tenha sido apresentar os lados da questão. Mas, mais que reafirmar as idéias fornecidas no tema, é necessário assumir um ponto de vista e envolver-se no debate proposto, enriquecendo-o com uma contribuição pessoal.
Dizer que o programa tem um "lado bom" e um "lado ruim" pode reduzir o problema -tudo, no limite, tem esses dois lados. A intenção subjacente à iniciativa é claramente boa, pois tudo o que for feito para evitar a propagação das DSTs e da Aids será positivo. O ponto de discussão está, então, nos possíveis efeitos contraproducentes da medida.
Caberia questionar se a distribuição de preservativos nas escolas estimula a iniciação precoce da vida sexual entre os adolescentes e, além disso, mostrar os riscos inerentes ao comportamento inconseqüente, riscos que se sobrepõem ao de contrair doenças e ao de enfrentar uma gravidez indesejada (estes, a rigor, seriam evitados com o uso do preservativo) e estão ligados à necessidade de um amadurecimento emocional que acompanhe o desenvolvimento da vida sexual.