São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2008
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DEU NA MÍDIA

A era George W. Bush se aproxima do final

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Conduzido à Casa Branca por decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, após uma eleição sob suspeita no Estado da Flórida, George W.
Bush conquistou a presidência em 2000 ao vencer Al Gore, candidato do partido democrata. Ao assumir o comando do país em janeiro de 2001, Bush teve um início de mandato sem brilho, talvez ofuscado pela suspeita de fraude no processo eleitoral.
Com os atentados de 11 de Setembro de 2001, que atingiram as Torres Gêmeas do World Trade Center e o Pentágono, o presidente dos EUA transformou a luta contra o terrorismo no eixo central de seu governo. Ao se autodefinir como o "presidente da guerra", declarou como inimigo número um da América a rede Al Qaeda e seus seguidores comandados por Osama bin Laden.
Atuando de forma unilateral, isto é, sem o aval das Nações Unidas e da comunidade internacional, Bush liderou, em outubro de 2001, a invasão do Afeganistão sob alegação de que o Taleban, grupo fundamentalista que comandava o país, hospedava o líder da Al Qaeda.
Mais tarde, em janeiro de 2002, o chefe da Casa Branca, com o apoio do Congresso norte-americano, declarou guerra aos países do "eixo do mal": Coréia do Norte, Irã e Iraque. Proclamou-se paladino da luta contra o terror e promoveu a invasão do Iraque em março de 2003, sob a acusação de que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa e mantinha relações suspeitas com a Al Qaeda.
Amparado num clima de pavor gerado pela ameaça de novos atentados, o discurso intransigente de Bush, mesmo sob o bombardeio de denúncias dos abusos praticados por soldados norte-americanos na prisão de Abu Ghraib, se converteu no seu maior trunfo eleitoral, levando-o à reeleição contra o democrata John Kerry em novembro de 2004.
Com o recrudescimento da violência no Iraque, que levou Washington a aumentar o contingente de soldados em 2007, a popularidade do mandatário da Casa Branca começou a despencar.
Caiu mais em virtude da arrogância de seu unilateralismo bronco, quando não reconheceu o empenho mundial na luta contra o aquecimento global, imprudência que agravou o sentimento antiamericano pelo planeta.
Embora seu mandato termine apenas em 20 de janeiro de 2009, quando passará a faixa presidencial ao democrata recém-eleito Barack Obama, George W. Bush desocupará a Casa Branca sem deixar saudades. Como diria o poeta, o melhor a fazer seria bater o portão sem fazer alarde e partir com a leve impressão de que já vai tarde.

ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile

rcandelori@uol.com.br



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