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      São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003
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CENTRO CULTURAL

OS MOMENTOS DA HISTÓRIA SÃO REGISTRADOS EM OBRAS URBANAS, DIZ ESPECIALISTA

Ruas de São Paulo são oportunidade de aprender

Fabiano Cerchiari - 14.abr.2001/Folha Imagem
Centro Cultural Banco do Brasil
Marcelo Grimberg - 24.jul.2002/Folha Imagem
Fachada da Igreja de São Bento


LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL

O centro de São Paulo é um livro aberto para quem está se preparando para as provas do vestibular. Ali, o estudante encontrará referências à história e à atualidade da cidade, do país e do mundo.
Ao caminhar pelo centro, primeiramente o vestibulando encontrará uma mistura de raças e de nacionalidades. Poderá verificar que há bolivianos, coreanos, judeus e descendentes de africanos e italianos, por exemplo. Isso reflete os fluxos migratórios que o país presenciou ao longo de sua história. Em 1923, por exemplo, teve início a intensificação da chegada de nordestinos, mineiros e fluminenses para São Paulo.
O estudante ainda poderá identificar como está a saúde econômica e social da cidade e do país. Verá desde banqueiros, advogados e investidores da bolsa a camelôs, que trabalham na chamada economia informal para tentar driblar o desemprego. Em abril deste ano, o desemprego bateu recorde (desde 1985) na região metropolitana, atingindo 20,6% da população economicamente ativa, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
São cenários ricos para o vestibulando que quiser fazer uma preparação para uma prova diferenciada nas disciplinas de geografia, de história e de redação.

A história
Em meio ao contemporâneo, o aluno encontrará inúmeras referências históricas. "Todos os períodos mais relevantes se materializam em forma urbana", diz Roberto Rocco, mestre em planejamento e urbanismo (FAU-USP) e doutorando pela Universidade de Tecnologia de Delft (Holanda).
Segundo ele, o surto de desenvolvimento industrial do fim do século 19 e do início do 20, por exemplo, resultou na formação de uma classe burguesa. "O prédio que mais representa essa época é o Teatro Municipal. Ele é uma réplica menor da Ópera de Paris. O que isso diz para o estudante? Diz que, naquela época, já existia uma classe que não era só dos barões do café e que queria transformar São Paulo em algo parecido com uma cidade européia. Paris era o referencial cultural e urbano."
A potência econômica mundial do período também está representada no centro de São Paulo, diz Rocco. O projeto e os materiais utilizados na construção da estação da Luz, por exemplo, foram importados do Reino Unido. "Nessa época, os ingleses estavam construindo no mundo inteiro estações de trem: na Índia e na Austrália, entre outros lugares."
Após a Segunda Guerra Mundial, explica, quando os Estados Unidos emergem como potência, as referências cultural e econômica mudam. Num primeiro momento, isso é refletido nas obras viárias, que atendiam ao desenvolvimento da indústria automobilística. "O vale do Anhangabaú passa de um grande jardim para ser um complexo viário."

O império
O período que sucedeu a Independência do Brasil também está consolidada em obras urbanas. Você conseguiria explicar por que foi construída a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco (USP)? A data do início de seu funcionamento é 1827.
Raquel Glezer, diretora do Museu do Ipiranga, diz que a faculdade foi inaugurada para atender às necessidades do império recém-proclamado (1822). A formação do Estado e o desenvolvimento de uma burocracia estatal exigiam pessoas capacitadas. Como resultado, foi inaugurado o primeiro curso jurídico do país. O prédio inicial foi demolido e reconstruído em 1934.
Para ver um exemplar de uma casa da aristocracia da época, o estudante pode visitar o Solar da Marquesa de Santos, atualmente o museu da Cidade de São Paulo. Ela foi adquirida em 1834 por Maria Domitila de Castro Canto e Melo, a marquesa, após terminar o relacionamento com D. Pedro I.


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