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HISTÓRIA
Açúcar: alvo da cobiça colonial
ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
No dia 13 de junho de 1645, iniciou-se a Insurreição Pernambucana, revolta liderada pelos senhores-de-engenho de Pernambuco que visava expulsar do Nordeste os holandeses, cuja presença na região já durava 15 anos.
As causas das invasões holandesas no Brasil remontam à fase da
implantação da cultura da cana-de-açúcar no Nordeste pelos portugueses no século 17. Naquela
ocasião, ajudaram a financiar a
produção do açúcar, atuaram na
fase do refino do produto e também o distribuíram no mercado
europeu. Em 1580, Portugal, sócio
dos flamengos, foi incorporado
pela coroa espanhola. No início
do século 17, desavenças entre Felipe 2º da Espanha e os calvinistas
flamengos levaram a uma guerra
e, por causa disso, Portugal teve
de romper a sociedade com os investidores flamengos. Com o fim
da guerra e a vitória das Províncias Unidas do Norte (Holanda),
houve uma tentativa de retomar o
negócio e iniciaram-se as invasões. A primeira, em 1624, fracassou, mas a segunda, em 1630, foi
bem-sucedida.
O domínio holandês no Nordeste teve, basicamente, três fases.
A primeira iniciou-se em 1630 e
foi marcada pelo esforço holandês para eliminar o principal núcleo de resistência à invasão, o Arraial do Bom Jesus, que caiu em
1635. A segunda correspondeu à
consolidação do domínio flamengo, de 1635 a 1645, período no
qual se destacou a gestão de Maurício de Nassau von Siegen.
Maurício de Nassau desembarcou em Recife em 1637. Sua administração teve grande impacto.
Realizou obras de melhoramento
urbano em Recife, trouxe artistas
e cientistas, instaurou uma política de tolerância religiosa, criou
um conselho de representantes
locais e adotou uma estratégia flexível e negociadora diante dos
conflitos entre os interesses dos
senhores-de-engenho e os da Cia.
de Comércio. Além disso, ampliou o domínio holandês ao sul,
incorporando a região de Sergipe,
e ao norte, chegando até Fortaleza, no Ceará.
Em 1644, desentendimentos entre a Cia. de Comércio e Nassau
sobre a cobrança das dívidas dos
senhores-de-engenho e a execução de hipotecas o levaram de volta à Holanda. A partir desse momento, as pressões da Cia. em
maximizar seus ganhos na região
desencadearam uma onda de insatisfação e revoltas cujo resultado foi uma guerra que durou dez
anos e eliminou o domínio holandês no Brasil.
Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na
Universidade Grande ABC. Email:
roberson.co@uol.com.br
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