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      São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003
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HISTÓRIA

Açúcar: alvo da cobiça colonial

ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

No dia 13 de junho de 1645, iniciou-se a Insurreição Pernambucana, revolta liderada pelos senhores-de-engenho de Pernambuco que visava expulsar do Nordeste os holandeses, cuja presença na região já durava 15 anos.
As causas das invasões holandesas no Brasil remontam à fase da implantação da cultura da cana-de-açúcar no Nordeste pelos portugueses no século 17. Naquela ocasião, ajudaram a financiar a produção do açúcar, atuaram na fase do refino do produto e também o distribuíram no mercado europeu. Em 1580, Portugal, sócio dos flamengos, foi incorporado pela coroa espanhola. No início do século 17, desavenças entre Felipe 2º da Espanha e os calvinistas flamengos levaram a uma guerra e, por causa disso, Portugal teve de romper a sociedade com os investidores flamengos. Com o fim da guerra e a vitória das Províncias Unidas do Norte (Holanda), houve uma tentativa de retomar o negócio e iniciaram-se as invasões. A primeira, em 1624, fracassou, mas a segunda, em 1630, foi bem-sucedida.
O domínio holandês no Nordeste teve, basicamente, três fases. A primeira iniciou-se em 1630 e foi marcada pelo esforço holandês para eliminar o principal núcleo de resistência à invasão, o Arraial do Bom Jesus, que caiu em 1635. A segunda correspondeu à consolidação do domínio flamengo, de 1635 a 1645, período no qual se destacou a gestão de Maurício de Nassau von Siegen.
Maurício de Nassau desembarcou em Recife em 1637. Sua administração teve grande impacto. Realizou obras de melhoramento urbano em Recife, trouxe artistas e cientistas, instaurou uma política de tolerância religiosa, criou um conselho de representantes locais e adotou uma estratégia flexível e negociadora diante dos conflitos entre os interesses dos senhores-de-engenho e os da Cia. de Comércio. Além disso, ampliou o domínio holandês ao sul, incorporando a região de Sergipe, e ao norte, chegando até Fortaleza, no Ceará.
Em 1644, desentendimentos entre a Cia. de Comércio e Nassau sobre a cobrança das dívidas dos senhores-de-engenho e a execução de hipotecas o levaram de volta à Holanda. A partir desse momento, as pressões da Cia. em maximizar seus ganhos na região desencadearam uma onda de insatisfação e revoltas cujo resultado foi uma guerra que durou dez anos e eliminou o domínio holandês no Brasil.


Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na Universidade Grande ABC. Email: roberson.co@uol.com.br


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