São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002
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MATEMÁTICA

Códigos e erro de leitura

 E eu que pensava que o mundo de ponta-cabeça não fizesse sentido...

JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Vire a página deste jornal de ponta-cabeça e verifique o que acontece com os seguintes números: I808I, 66899, 68086 e 40304.
Você deve ter notado que os dois primeiros números não se alteraram, o terceiro se alterou para o número 98089, e o quarto gerou um código sem nenhum significado porque os números 4 e 3 não fazem sentido quando lidos de ponta-cabeça. A busca de números propensos à interpretação equivocada quando lidos de ponta-cabeça tem sérias implicações quando esses números representam um sistema de códigos qualquer. Por exemplo, se o número 68086 representa um código de endereçamento postal, sua leitura de ponta-cabeça pode ser responsável pelo envio equivocado de uma correspondência à localidade de código 98089. Considerando o problema descrito, vamos calcular o número de códigos propensos a desvios de 00000 a 99999. Pense você no problema antes de prosseguir a leitura.
Há cinco algarismos que, quando de ponta-cabeça, continuam sendo algarismos de leitura possível: 0, I, 6, 8 e 9. Pelo princípio fundamental da contagem, há 55 códigos possíveis formados por esses algarismos. Para obter um "falso" código propenso a desvio, ou seja, um código formado com esses algarismos que de ponta-cabeça mantém a mesma leitura, como o 66899, é preciso introduzir um dos três algarismos (0, I ou 8) no meio; os dois primeiros algarismos podem ser quaisquer entre os cinco (0, I, 6, 8 ou 9), mas, uma vez conhecidos, não há alternativas para os dois últimos. Novamente pelo princípio fundamental da contagem, há 3.52 casos. Para obter o total de códigos propensos a desvios, basta fazer a diferença 55 - 3.52, que resulta em 3.050.
Levando em consideração que um sistema de cinco dígitos tem um total de 105 códigos, a porcentagem de códigos propensos a desvios será dada por (3.050/ 105).100, ou seja, 3,05%.


José Luiz Pastore Mello é professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo


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