São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002
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FÍSICA

A ciência e o fim do mundo?

TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Foi divulgada recentemente na imprensa e com certo sensacionalismo a possibilidade de haver um choque de um asteróide de grandes dimensões com a Terra, previsto para fevereiro de 2019.
O asteróide, identificado como 2002 NT7, foi descoberto pelo projeto Linear, em julho deste ano, nos EUA, sendo o primeiro objeto a ter alguma probabilidade real de impacto. Com cerca de dois quilômetros de diâmetro e com uma trajetória que cruza a órbita do planeta Marte, passaria muito perto da órbita terrestre. Seu impacto com a Terra, se ocorresse, aconteceria com a fantástica velocidade de 28 mil metros por segundo, e o choque seria equivalente à explosão simultânea de muitas bombas atômicas, o que significaria uma catástrofe de dimensões continentais: destruição de cidades, formação de maremotos, morte de milhões de pessoas ou até o fim da humanidade.
Há 65 milhões de anos, choque semelhante foi responsável pela extinção dos dinossauros. O violento impacto foi provocado por um bólido extraterrestre que atingiu a Terra na península de Yucatán, no golfo do México, e que, ao se chocar, teria levantado toneladas de poeira, bloqueando completamente a luz solar, o que teria provocado a escuridão total em todo o planeta, dando origem ao chamado "inverno nuclear".
Estima-se que a energia liberada pelo impacto do asteróide tenha sido da ordem de 108 megatons, equivalente a 1023 joules de energia. Se considerarmos que toda a energia cinética do asteróide tenha sido liberada no choque e estimarmos sua massa como de 5x1011 toneladas, poderemos calcular sua velocidade imediatamente antes do impacto. Lembrando que a energia cinética é dada por: a velocidade do bólido foi de cerca de 20 mil metros por segundo.
Asteróides assustam e não é sem razão. Em 1908, na região central da Sibéria, um objeto de 30 metros de diâmetro explodiu a oito quilômetros de altitude. A explosão devastou 2000 kmē de florestas e matou centenas de renas. Pessoas de diversos países da Europa afirmaram ter avistado um clarão de incrível intensidade no céu e ouvido a detonação supersônica do evento na atmosfera.
Com relação ao asteróide 2002NT7, cálculos mais aprimorados diminuíram a probabilidade de sua colisão com a Terra, mas os cientistas alertam, como profetas do apocalipse, para o risco de impacto de objetos celestes com o planeta e nos conscientizam da nossa fragilidade no universo.


Tarso Paulo Rodrigues é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja

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