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FÍSICA
A ciência e o fim do mundo?
TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Foi divulgada recentemente na
imprensa e com certo sensacionalismo a possibilidade de haver
um choque de um asteróide de
grandes dimensões com a Terra,
previsto para fevereiro de 2019.
O asteróide, identificado como
2002 NT7, foi descoberto pelo projeto Linear, em julho deste ano,
nos EUA, sendo o primeiro objeto
a ter alguma probabilidade real de
impacto. Com cerca de dois quilômetros de diâmetro e com uma
trajetória que cruza a órbita do
planeta Marte, passaria muito
perto da órbita terrestre. Seu impacto com a Terra, se ocorresse,
aconteceria com a fantástica velocidade de 28 mil metros por segundo, e o choque seria equivalente à explosão simultânea de
muitas bombas atômicas, o que
significaria uma catástrofe de dimensões continentais: destruição
de cidades, formação de maremotos, morte de milhões de pessoas
ou até o fim da humanidade.
Há 65 milhões de anos, choque
semelhante foi responsável pela
extinção dos dinossauros. O violento impacto foi provocado por
um bólido extraterrestre que atingiu a Terra na península de Yucatán, no golfo do México, e que, ao
se chocar, teria levantado toneladas de poeira, bloqueando completamente a luz solar, o que teria
provocado a escuridão total em
todo o planeta, dando origem ao
chamado "inverno nuclear".
Estima-se que a energia liberada
pelo impacto do asteróide tenha
sido da ordem de 108 megatons,
equivalente a 1023 joules de energia. Se considerarmos que toda a
energia cinética do asteróide tenha sido liberada no choque e estimarmos sua massa como de
5x1011 toneladas, poderemos calcular sua velocidade imediatamente antes do impacto. Lembrando que a energia cinética é
dada por:
a velocidade do bólido foi de cerca
de 20 mil metros por segundo.
Asteróides assustam e não é
sem razão. Em 1908, na região
central da Sibéria, um objeto de
30 metros de diâmetro explodiu a
oito quilômetros de altitude. A explosão devastou 2000 kmē de florestas e matou centenas de renas.
Pessoas de diversos países da Europa afirmaram ter avistado um
clarão de incrível intensidade no
céu e ouvido a detonação supersônica do evento na atmosfera.
Com relação ao asteróide
2002NT7, cálculos mais aprimorados diminuíram a probabilidade
de sua colisão com a Terra, mas os
cientistas alertam, como profetas
do apocalipse, para o risco de impacto de objetos celestes com o
planeta e nos conscientizam da
nossa fragilidade no universo.
Tarso Paulo Rodrigues é professor e
coordenador de física do Colégio Augusto Laranja
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