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UFA!
Apoio dos pais ainda é importante
Planos de futuro devem ser feitos apenas após resultados, para não gerar mais expectativa
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um momento de ansiedade para os vestibulandos como o da espera pelo resultado
dos vestibulares, o comportamento dos pais pode ter grande
influência na maneira como os
filhos vão encarar essa fase.
Perguntar a todo momento
sobre as datas de divulgação
das listas de aprovados, comparar o desempenho do filho ao
de outras pessoas e fazer planos
sem saber se foi aprovado na faculdade são atitudes que geram
expectativa e estresse desnecessários, ressaltam psicólogos.
"Os pais devem controlar a
sua ansiedade e não tocar no
assunto. As datas de divulgação
dos resultados são conhecidas.
Portanto, não devem já começar a fazer planos e criar expectativa do tipo: "Quando você estiver na faculdade, poderemos
fazer isso ou então se você não
passar irá fazer cursinho". A
programação deve começar a
ser pensada quando tiver o resultado", afirma Sandra Leal
Calais, professora do departamento de psicologia e da pós-graduação da Unesp de Bauru.
A família Santana, de São
Paulo, está passando por uma
"prova de fogo": os dois filhos
menores de Regina e Francisco
aguardam listas de instituições
públicas. Giovanna, 19, quer fazer direito na USP ou na Unesp,
e Victor, 17, engenharia química na USP, Unicamp ou UFSCar. "Tentamos tranqüilizá-los", diz a mãe, Regina, que considera o momento como uma
mudança na vida de todos da
casa. "Agora é quando vemos o
que nós [ela e o marido] fizemos por eles a vida toda."
Ansiosos por ver os nomes
dos filhos nas listas de chamadas, deixaram para viajar só em
fevereiro. Viajar, aliás, era um
hábito da família que foi abolido devido ao vestibular. Outro
costume que só está voltando
ao normal agora -amanhã Victor ainda tem a última prova da
segunda fase da Unicamp- é
jogar baralho. "Aos poucos, vamos fazendo o que tínhamos
parado por causa dos estudos",
alegra-se Giovanna.
Sem sonhos
"Nesta fase de espera, é como
se os vestibulandos ficassem
impedidos de sonhar com o futuro, sem poder fazer planos",
analisa Ana Fraiman, psicóloga
e especialista em desenvolvimento de carreira.
E muitos sofrem sem necessidade, segundo ela. "A maioria
dos estudantes se avalia por
baixo; acha que foi pior nas provas do que realmente foi. É
compreensível: esperar menos
para se decepcionar menos."
O vestibulando Sergio Tufik,
17, que aguarda a lista de medicina da Unifesp, tenta ficar
tranqüilo. "Acho que fui bem",
diz. Enquanto aguarda a lista,
aproveita para editar as fotos
que fez nas viagens de fim de
ano. "Estou arrumando minhas
coisas, guardando as apostilas
do cursinho e fazendo coisas de
que eu gosto. Se não passar agora, tudo bem. Tento de novo." E
ele conta com o apoio dos pais.
"Eles sabem que é difícil passar
em medicina de primeira."
Para Yvette Piha Lehman,
coordenadora do Serviço de
Orientação Profissional do Instituto de Psicologia da USP, a
situação da espera é diferente
para cada um. "Os jovens dedicados e que passaram com alguma folga na primeira fase,
por exemplo, não têm pela
frente uma espera vazia. O candidato que viu a correção das
provas e fez um cálculo aproximado das notas já tem uma noção se foi aprovado."
"Aquele que não passar vai se
sentir arrasado mesmo", diz
Ana Fraiman, de forma direta.
"Só que ele e a família não devem ficar martelando aquilo,
jogando na cara. O papel dos
pais é chorar junto, lamentar
junto, mas ninguém deve encarar isso como o fim do mundo."
Segundo ela, a família deve
depois conversar e traçar uma
estratégia. "O vestibular é como um rito de passagem. É uma
situação de vida difícil de muitas que virão."
(FC e LAS)
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