São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008
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UFA!

Apoio dos pais ainda é importante

Planos de futuro devem ser feitos apenas após resultados, para não gerar mais expectativa

DA REPORTAGEM LOCAL

Em um momento de ansiedade para os vestibulandos como o da espera pelo resultado dos vestibulares, o comportamento dos pais pode ter grande influência na maneira como os filhos vão encarar essa fase.
Perguntar a todo momento sobre as datas de divulgação das listas de aprovados, comparar o desempenho do filho ao de outras pessoas e fazer planos sem saber se foi aprovado na faculdade são atitudes que geram expectativa e estresse desnecessários, ressaltam psicólogos.
"Os pais devem controlar a sua ansiedade e não tocar no assunto. As datas de divulgação dos resultados são conhecidas. Portanto, não devem já começar a fazer planos e criar expectativa do tipo: "Quando você estiver na faculdade, poderemos fazer isso ou então se você não passar irá fazer cursinho". A programação deve começar a ser pensada quando tiver o resultado", afirma Sandra Leal Calais, professora do departamento de psicologia e da pós-graduação da Unesp de Bauru.
A família Santana, de São Paulo, está passando por uma "prova de fogo": os dois filhos menores de Regina e Francisco aguardam listas de instituições públicas. Giovanna, 19, quer fazer direito na USP ou na Unesp, e Victor, 17, engenharia química na USP, Unicamp ou UFSCar. "Tentamos tranqüilizá-los", diz a mãe, Regina, que considera o momento como uma mudança na vida de todos da casa. "Agora é quando vemos o que nós [ela e o marido] fizemos por eles a vida toda."
Ansiosos por ver os nomes dos filhos nas listas de chamadas, deixaram para viajar só em fevereiro. Viajar, aliás, era um hábito da família que foi abolido devido ao vestibular. Outro costume que só está voltando ao normal agora -amanhã Victor ainda tem a última prova da segunda fase da Unicamp- é jogar baralho. "Aos poucos, vamos fazendo o que tínhamos parado por causa dos estudos", alegra-se Giovanna.

Sem sonhos
"Nesta fase de espera, é como se os vestibulandos ficassem impedidos de sonhar com o futuro, sem poder fazer planos", analisa Ana Fraiman, psicóloga e especialista em desenvolvimento de carreira.
E muitos sofrem sem necessidade, segundo ela. "A maioria dos estudantes se avalia por baixo; acha que foi pior nas provas do que realmente foi. É compreensível: esperar menos para se decepcionar menos."
O vestibulando Sergio Tufik, 17, que aguarda a lista de medicina da Unifesp, tenta ficar tranqüilo. "Acho que fui bem", diz. Enquanto aguarda a lista, aproveita para editar as fotos que fez nas viagens de fim de ano. "Estou arrumando minhas coisas, guardando as apostilas do cursinho e fazendo coisas de que eu gosto. Se não passar agora, tudo bem. Tento de novo." E ele conta com o apoio dos pais. "Eles sabem que é difícil passar em medicina de primeira."
Para Yvette Piha Lehman, coordenadora do Serviço de Orientação Profissional do Instituto de Psicologia da USP, a situação da espera é diferente para cada um. "Os jovens dedicados e que passaram com alguma folga na primeira fase, por exemplo, não têm pela frente uma espera vazia. O candidato que viu a correção das provas e fez um cálculo aproximado das notas já tem uma noção se foi aprovado."
"Aquele que não passar vai se sentir arrasado mesmo", diz Ana Fraiman, de forma direta. "Só que ele e a família não devem ficar martelando aquilo, jogando na cara. O papel dos pais é chorar junto, lamentar junto, mas ninguém deve encarar isso como o fim do mundo."
Segundo ela, a família deve depois conversar e traçar uma estratégia. "O vestibular é como um rito de passagem. É uma situação de vida difícil de muitas que virão." (FC e LAS)


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