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CARREIRA
Arqueologia abrange descobertas
Além da academia, profissional pode trabalhar com estudos de impacto ambiental para empresas
Thiago Bernardes/Folha Imagem
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Erika González, que tem mais de 20 anos de experiência na área |
DA REDAÇÃO
A semana passada vai ficar
guardada para sempre na memória da estudante Tamiris
Maia Gonçalves Pereira, 18. Na
segunda-feira, ela saiu de sua
cidade, Goiânia (GO), rumo a
São Domingos, numa viagem
de carro que durou dez horas.
Lá, fez sua primeira descoberta, "de muitas que ainda virão": escavando um sítio arqueológico, encontrou pedaços
de cerâmica e lascas de pedra
embaixo da terra, usados possivelmente por tribos indígenas
antes do descobrimento do
Brasil, em 1500. "A sensação é
muito boa", descreve Tamiris.
"Encontrei um material que
pertenceu a um ancestral!"
Agora, o próximo passo é tentar descobrir, com pesquisa em
laboratório, quem eram aqueles moradores, utilizando os
achados como ferramentas.
Ela está no segundo ano do
curso de arqueologia da Universidade Católica de Goiás
(UCG), criado em 2006. É um
dos três cursos de graduação na
área que existem no Brasil reconhecidos pelo Ministério da
Educação. Além de Goiás, há
cursos em Sergipe e no Piauí,
todos criados depois de 2004.
"A tendência é abrir mais
cursos de graduação em arqueologia", diz Marcos Torres
de Souza, coordenador do curso oferecido pela UCG.
Para quem sonha com descobertas de múmias e construções subterrâneas, não pensa
em sair de sua cidade para fazer
faculdade e não mora em um
dos três locais onde o curso é
oferecido, a opção é se graduar
em outra área e se especializar
em arqueologia. Em São Paulo,
há o MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia), da Universidade de São Paulo, que oferece há
cerca de três décadas doutorado e mestrado em arqueologia.
"O mais comum é se formar em
história, geografia... áreas humanas, e depois fazer a especialização", diz Maria Cristina
Bruno, vice-diretora do museu.
Calor e cobra
"O arqueólogo tem que gostar de aventura. Vai a lugares
inóspitos, geralmente muito
quentes", diz Mauro Fontes,
coordenador do curso de arqueologia e preservação patrimonial da Universidade Federal do Vale do São Francisco
(PI). Além do calor -suportável com roupas finas e longas-,
os arqueólogos têm que lidar
com outro probleminha: cobras e outros animais perigosos. "Mas tudo vale a pena nessa profissão. É fascinante."
Há várias áreas que o profissional pode seguir, como a arqueologia brasileira ou a americana. Dentro da brasileira, há
uma subdivisão: a pré-histórica, que pesquisa o país antes do
descobrimento do Brasil, e a
histórica (depois de 1500).
Os estágios são importantes
para uma boa formação. Podem
ser não-remunerados ou remunerados -de R$ 2,50 a R$ 6 por
hora. Um recém-formado ganha de R$ 500 a R$ 2.000. "Depende da área", diz Fontes.
Um campo que precisa de cada vez mais profissionais é o de
estudos de impacto ambiental.
Por determinação de lei federal, antes da construção de
grandes obras, como usinas,
deve ser feita uma pesquisa arqueológica no local. "Há grande
capacidade de absorção pelo
mercado", diz Marcelo Maciel,
coordenador do curso da Universidade Federal do Sergipe.
(LUISA ALCANTARA E SILVA)
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