São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008
  Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CARREIRA

Arqueologia abrange descobertas

Além da academia, profissional pode trabalhar com estudos de impacto ambiental para empresas

Thiago Bernardes/Folha Imagem
Erika González, que tem mais de 20 anos de experiência na área


DA REDAÇÃO

A semana passada vai ficar guardada para sempre na memória da estudante Tamiris Maia Gonçalves Pereira, 18. Na segunda-feira, ela saiu de sua cidade, Goiânia (GO), rumo a São Domingos, numa viagem de carro que durou dez horas.
Lá, fez sua primeira descoberta, "de muitas que ainda virão": escavando um sítio arqueológico, encontrou pedaços de cerâmica e lascas de pedra embaixo da terra, usados possivelmente por tribos indígenas antes do descobrimento do Brasil, em 1500. "A sensação é muito boa", descreve Tamiris. "Encontrei um material que pertenceu a um ancestral!"
Agora, o próximo passo é tentar descobrir, com pesquisa em laboratório, quem eram aqueles moradores, utilizando os achados como ferramentas.
Ela está no segundo ano do curso de arqueologia da Universidade Católica de Goiás (UCG), criado em 2006. É um dos três cursos de graduação na área que existem no Brasil reconhecidos pelo Ministério da Educação. Além de Goiás, há cursos em Sergipe e no Piauí, todos criados depois de 2004.
"A tendência é abrir mais cursos de graduação em arqueologia", diz Marcos Torres de Souza, coordenador do curso oferecido pela UCG.
Para quem sonha com descobertas de múmias e construções subterrâneas, não pensa em sair de sua cidade para fazer faculdade e não mora em um dos três locais onde o curso é oferecido, a opção é se graduar em outra área e se especializar em arqueologia. Em São Paulo, há o MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia), da Universidade de São Paulo, que oferece há cerca de três décadas doutorado e mestrado em arqueologia. "O mais comum é se formar em história, geografia... áreas humanas, e depois fazer a especialização", diz Maria Cristina Bruno, vice-diretora do museu.

Calor e cobra
"O arqueólogo tem que gostar de aventura. Vai a lugares inóspitos, geralmente muito quentes", diz Mauro Fontes, coordenador do curso de arqueologia e preservação patrimonial da Universidade Federal do Vale do São Francisco (PI). Além do calor -suportável com roupas finas e longas-, os arqueólogos têm que lidar com outro probleminha: cobras e outros animais perigosos. "Mas tudo vale a pena nessa profissão. É fascinante."
Há várias áreas que o profissional pode seguir, como a arqueologia brasileira ou a americana. Dentro da brasileira, há uma subdivisão: a pré-histórica, que pesquisa o país antes do descobrimento do Brasil, e a histórica (depois de 1500).
Os estágios são importantes para uma boa formação. Podem ser não-remunerados ou remunerados -de R$ 2,50 a R$ 6 por hora. Um recém-formado ganha de R$ 500 a R$ 2.000. "Depende da área", diz Fontes.
Um campo que precisa de cada vez mais profissionais é o de estudos de impacto ambiental. Por determinação de lei federal, antes da construção de grandes obras, como usinas, deve ser feita uma pesquisa arqueológica no local. "Há grande capacidade de absorção pelo mercado", diz Marcelo Maciel, coordenador do curso da Universidade Federal do Sergipe. (LUISA ALCANTARA E SILVA)


Texto Anterior: Calendário
Próximo Texto: Profissional já viajou o país todo a trabalho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.