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DEU NA MÍDIA
Sobre corrupção, mensalão, campanha e reforma política
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
A prática de compra de votos de parlamentares, que ficou conhecida como mensalão, foi denunciada em 2005
por Roberto Jefferson, à época deputado federal pelo
PTB-RJ. De acordo com o
parlamentar, havia no Executivo, sob o comando do governo, um esquema de repasse de dinheiro a parlamentares de Brasília.
A expressão, que deriva de
mensalidade, aludia a uma
mesada a deputados dos partidos da base aliada para votarem a favor de projetos de
interesse do governo.
Mensalão foi seguramente
uma das palavras mais citadas pela mídia nos últimos
anos e agora retorna ao centro da cena política com as
recentes denúncias de um
esquema semelhante no Distrito Federal.
Segundo denúncias feitas
pelo ex-secretário Durval
Barbosa -responsável também pela gravação das imagens-, o governador José
Roberto Arruda, que deixou
o DEM (Democratas) na
quinta, é o responsável por
um esquema de arrecadação
de recursos junto a empresários que são prestadores de
serviços ao governo do DF.
Esse dinheiro servia a dois
objetivos: financiar campanhas políticas e comprar votos de deputados distritais.
A corrupção corrói o ambiente político e nos afronta
com frequência. Não sem razão, a cada novo escândalo,
volta à discussão o tema da
reforma política, sobretudo
quanto ao financiamento de
campanha e à lista fechada.
Segundo se apregoa, somente o financiamento público de campanha poderia
colocar freios à voracidade
dos políticos em relação aos
recursos do setor privado.
Coibir parlamentares de
maquinar uniões suspeitas
com parcelas do empresariado seria o primeiro passo para preservar o interesse da
sociedade e moralizar a função pública. Afinal, essa convivência tem se revelado nociva à consolidação do Estado democrático.
Outro desfecho necessário
seria o fim do voto nominal.
Quase sempre o voto dado
pelo eleitor ao seu candidato
pode ir para outro membro
do partido, sem que o destino do voto esteja sob controle do eleitor. Com a adoção
da lista fechada -que fortalecerá as legendas partidárias-, o eleitor não optaria
mais por um candidato, e
sim por uma lista elaborada
pelo partido. Se a maioria
dos eleitores esquece a quem
entregou seu voto na última
eleição, melhor seria adotar
um sistema em que o representado cobrasse o partido.
Como destacou o colunista da revista "Veja" Roberto
Pompeu de Toledo, "a mudança para a lista fechada
não garante a vitória dos
mais honestos [...], porém a
lista aberta é sinal verde para
a vitória dos mais desonestos
[...]".
ROBERTO CANDELORI é professor do
colégio Móbile.
rcandelori@uol.com.br
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