São Paulo, terça-feira, 15 de dezembro de 2009
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DEU NA MÍDIA

Sobre corrupção, mensalão, campanha e reforma política

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A prática de compra de votos de parlamentares, que ficou conhecida como mensalão, foi denunciada em 2005 por Roberto Jefferson, à época deputado federal pelo PTB-RJ. De acordo com o parlamentar, havia no Executivo, sob o comando do governo, um esquema de repasse de dinheiro a parlamentares de Brasília.
A expressão, que deriva de mensalidade, aludia a uma mesada a deputados dos partidos da base aliada para votarem a favor de projetos de interesse do governo.
Mensalão foi seguramente uma das palavras mais citadas pela mídia nos últimos anos e agora retorna ao centro da cena política com as recentes denúncias de um esquema semelhante no Distrito Federal.
Segundo denúncias feitas pelo ex-secretário Durval Barbosa -responsável também pela gravação das imagens-, o governador José Roberto Arruda, que deixou o DEM (Democratas) na quinta, é o responsável por um esquema de arrecadação de recursos junto a empresários que são prestadores de serviços ao governo do DF.
Esse dinheiro servia a dois objetivos: financiar campanhas políticas e comprar votos de deputados distritais.
A corrupção corrói o ambiente político e nos afronta com frequência. Não sem razão, a cada novo escândalo, volta à discussão o tema da reforma política, sobretudo quanto ao financiamento de campanha e à lista fechada.
Segundo se apregoa, somente o financiamento público de campanha poderia colocar freios à voracidade dos políticos em relação aos recursos do setor privado.
Coibir parlamentares de maquinar uniões suspeitas com parcelas do empresariado seria o primeiro passo para preservar o interesse da sociedade e moralizar a função pública. Afinal, essa convivência tem se revelado nociva à consolidação do Estado democrático.
Outro desfecho necessário seria o fim do voto nominal.
Quase sempre o voto dado pelo eleitor ao seu candidato pode ir para outro membro do partido, sem que o destino do voto esteja sob controle do eleitor. Com a adoção da lista fechada -que fortalecerá as legendas partidárias-, o eleitor não optaria mais por um candidato, e sim por uma lista elaborada pelo partido. Se a maioria dos eleitores esquece a quem entregou seu voto na última eleição, melhor seria adotar um sistema em que o representado cobrasse o partido.
Como destacou o colunista da revista "Veja" Roberto Pompeu de Toledo, "a mudança para a lista fechada não garante a vitória dos mais honestos [...], porém a lista aberta é sinal verde para a vitória dos mais desonestos [...]".


ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile.

rcandelori@uol.com.br


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