EDER MELGAR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em grande parte da região Sudeste, o início do ano foi uma beleza do ponto de vista de quem gosta de chuvas. Elas são imprescindíveis para muitas atividades agrícolas e importantíssimas para encher os reservatórios de abastecimento de água e de geração de energia hidrelétrica; no entanto também causam uma série de transtornos.
Os vestibulares costumam priorizar os transtornos, e não os benefícios das chuvas. Quando falamos que as chuvas trazem problemas, precisamos lembrar que são um fenômeno natural e que muitos desses transtornos decorrem de sua interação com as ações humanas.
As chuvas provocam transbordamentos e inundações nas cidades? Sim, mas seus efeitos são mais danosos devido à impermeabilização do solo. O asfaltamento das ruas e a eliminação daqueles jardinzinhos dos quintais, que foram devidamente impermeabilizados com aquele famoso piso antiderrapante para servirem de garagem, diminuíram drasticamente a infiltração de água no solo. Assim, as águas chegam mais rapidamente e em maior quantidade aos rios.
Estes, por outro lado, estão cada vez mais rasos devido ao assoreamento, que é o nome dado à sedimentação que sofrem em seu leito. O desmatamento acelera o processo erosivo, o que aumenta a disponibilidade de sedimentos para o processo de assoreamento. Se nesse processo acrescentarmos o lixo urbano que é jogado diretamente nos rios ou carregado pelas chuvas até eles, o cenário está completo.
Rios mais rasos recebendo cada vez mais água -os resultados todos conhecem. As áreas muito rebaixadas ou de fundos de vales, naturalmente sujeitas a inundações, impropriamente ocupadas com moradias e grandes avenidas, são as mais sujeitas aos transtornos causados pelos transbordamentos.