São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004
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ATUALIDADES

A Rússia e o separatismo tchetcheno

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Pegando carona no tema da coluna do professor de geografia Eder Melgar -que na última semana escreveu sobre o Cáucaso- e ainda mobilizado pelas imagens da tragédia na escola de Beslan, na Ossétia do Norte, retorno à questão do movimento separatista na Tchetchênia, que declarou sua independência após o colapso da União Soviética, em 1991.
Boris Ieltsin, o então presidente, rejeitou a independência e ordenou a invasão russa em 1994. A intervenção deflagrada por Moscou causou a destruição da capital, Grosny, e resultou na morte de milhares de civis. Em 1996, o impasse foi contornado com a assinatura de um cessar-fogo que previa a retirada das tropas russas e concedia autonomia à Tchetchênia. Os radicais muçulmanos o rejeitaram e intensificaram os atentados contra alvos russos.
No final de 1999, forças russas retornaram à Tchetchênia após atentados realizados por terroristas tchetchenos no Daguestão. Com a ascensão de Vladimir Putin ao poder na Rússia, em 2000, os conflitos se intensificaram. Em abril de 2003, um plebiscito aprovou outra constituição e definiu a permanência da Tchetchênia na Federação Russa. Eleições feitas em outubro, sob protestos dos separatistas, conduziram ao poder Akhmad Kadyrov, líder tchetcheno alinhado à Rússia.
Entretanto, a crescente presença de militares russos no Cáucaso contribuiu para o aumento da violência. Em maio, terroristas tchetchenos assassinaram Kadyrov. Putin, que teme a insurreição dos Estados caucasianos e o avanço do fundamentalismo islâmico na região, responsabiliza o "terrorismo internacional" pela escalada dos atentados. Empenhado em garantir a hegemonia de Moscou no Cáucaso, ele já afirmou que não negociará com terroristas.


Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br


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