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ATUALIDADES
Curdos, um povo em busca do seu Estado
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
A deflagração do ataque anglo-americano ao país de Saddam
Hussein recoloca em pauta a luta
do povo curdo por um Estado soberano. O vazio de poder no norte, com a derrota do regime de
Bagdá, inflama a disputa pelo
controle da região. Mas Ancara
-capital da Turquia- adverte
que o estabelecimento de um Estado independente no Curdistão
iraquiano representa uma ameaça à estabilidade da região.
Enclave territorial entre a Ásia
Central e o Oriente Médio, o Curdistão corta as fronteiras da Turquia, do Iraque, do Irã, da Síria e
de parte do Azerbaijão e da Armênia, com uma área superior a 520
mil km2 (maior que a Espanha).
Região estratégica de grande interesse, foi, desde a Antigüidade,
objeto de disputa entre os grandes
impérios, ávidos pelo domínio
das rotas comerciais entre o
Oriente e o Ocidente.
Subjugados pelos árabes desde
o século 7º, quando foram convertidos ao islamismo (a maioria
deles são muçulmanos sunitas),
os curdos estiveram submetidos
ao domínio otomano até o início
do século 20.
Com a divisão do Império Otomano após a Primeira Guerra
Mundial, foi assinado o Tratado
de Sèvres, em 1920, que determinava a criação de um Estado curdo, o Curdistão. Mas, três anos
depois, em 1923, um novo pacto,
o Tratado de Lausanne, partilha o
Curdistão entre a Turquia, o Irã, o
Iraque e a Síria, sepultando o sonho de uma pátria curda.
Manipulados historicamente
como peças descartáveis num intricado jogo geopolítico, os curdos recusam a autonomia parcial;
não desejam ser turcos, iraquianos ou iranianos. Resistem para
serem curdos, habitar o Curdistão
e fundar os ideais da sua pátria
sob a força da sua língua e da sua
cultura milenar.
Roberto Candelori é professor da
Escola Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
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