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      São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003
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CARREIRA/FISIOTERAPIA

PROFISSIONAL TRABALHA COM OS MOVIMENTOS DO CORPO E SEUS PROBLEMAS; MERCADO INCLUI CLÍNICA E CLUBE DE FUTEBOL

Diversidade de atuação compensa expansão de curso

João Wainer/Folha Imagem
NA PRÁTICA A fisioterapeuta Magali Sanches Horvath exercita paciente no Hospital Beneficência Portuguesa, em SP

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

De 1995 a 2001, fisioterapia foi a carreira da área de saúde que proporcionalmente mais cresceu, de 63 para 210 cursos. Segundo o MEC, os 233% de aumento só são superados por turismo, que cresceu 794% (de 36 para 322).
O "boom" na oferta de cursos fez com que o mercado de trabalho ficasse cada vez mais disputado na década passada. Ainda hoje, para arranjar um emprego, o recém-formado precisa ter diferenciais, como as especializações, que geralmente duram entre um e dois anos, após a graduação.
Algo que compensa o número de profissionais é a grande variedade de áreas de atuação, que vão de clínicas a clubes de futebol, passando por hospitais e empresas. Em todas elas, o objeto de trabalho são os movimentos do corpo e seus possíveis problemas.
O fisioterapeuta é o responsável por fazer o chamado diagnóstico funcional, em que são avaliados quais as funções e os movimentos que um determinado problema afetou e em que são verificados, por exemplo, se houve perda de sensibilidade. A partir disso, o próprio profissional define e aplica o tratamento, avaliando a sua evolução. Além das técnicas que têm por base a repetição de movimentos, o fisioterapeuta pode utilizar outros recursos, como calor, corrente elétrica e laser.

Prevenção
Além dos tratamentos, o fisioterapeuta também atua na prevenção. Em empresas, por exemplo, ele integra uma equipe com outros profissionais de saúde, avaliando se os movimentos feitos pelos trabalhadores podem causar as chamadas LER (lesões por esforços repetitivos) e propondo mudanças para evitá-las.
O mesmo acontece na área esportiva, em que, mais do que acelerar a recuperação de um atleta, procura-se evitar que ele se contunda. No curso da Unesp de Presidente Prudente, por exemplo, é feito um trabalho com alguns dos membros da equipe olímpica de atletismo. Segundo Susimary Padulla de Souza, coordenadora do curso da Unesp, a área esportiva é uma das oito em que os estudantes são obrigados a estagiar.
A presença de fisioterapeutas também é cada vez mais comum nas UTIs dos hospitais. "Com o trabalho dos fisioterapeutas, os pacientes se recuperam mais rapidamente e diminui o risco de infecção", disse Fátima Caromano, coordenadora do curso da USP. Segundo ela, por ficarem muito tempo deitados, os pacientes de UTI podem ter problemas renais, feridas na pele e acúmulo de secreção nos pulmões, o que pode causar pneumonia.

Relação com paciente
Em todas as áreas, uma característica da atuação do fisioterapeuta é uma maior proximidade com o paciente e um caráter educativo.
Como geralmente o tratamento é longo, o profissional encontra o paciente várias vezes por mês e por um tempo maior, o que aumenta o contato entre eles.
Esse foi um dos motivos que atraíram Cristiane Silva, 26, formada no ano passado na Unisa (Universidade de Santo Amaro) e que, agora, dedica-se apenas a cursos. "As relações interpessoais sempre foram muito importantes para mim. São várias seções, você conversa com o paciente e o vê melhorando", disse ela, que já era formada em música pela Unesp e pretende aliar as duas áreas.
O contato maior possibilita ao fisioterapeuta realizar um trabalho educativo com o paciente, tentando mudar hábitos para melhorar sua qualidade de vida. "Em pneumologia, por exemplo, temos de explicar para o paciente como tossir corretamente e como realizar os exercícios. Depois de um tempo, ele se torna quase um especialista", disse Fátima Caromano, da USP.


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