São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008
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CARREIRA

Uso da engenharia nuclear vai da área energética à médica

UFRJ pretende oferecer em 2009 o primeiro curso de graduação do país

FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL

A aplicação da engenharia nuclear é mais corriqueira do que muitos imaginam -tanto na área médica como na geração de energia elétrica, além da agricultura e do ambiente. Para dar uma idéia, a central nuclear de Angra dos Reis (RJ) responde pelo equivalente a mais de 50% da energia consumida no Estado do Rio de Janeiro.
Exames médicos que investigam problemas na tireóide, por exemplo, usam material radioativo, como o iodo-131, que deixa os tecidos realçados e permite a análise do seu funcionamento com a ajuda de um equipamento. A matéria-prima para fabricar esses radiofármacos é produzida em reatores nucleares, como o do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), na USP.
Com a retomada do Programa Nuclear Brasileiro pelo governo federal, a expectativa é que aumente a demanda de mão-de-obra especializada nos próximos anos.
De olho nisso, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) pretende oferecer a partir de 2009 o primeiro curso de graduação de engenharia nuclear do país. Atualmente, existe somente pós-graduação no campo nuclear. Então, o profissional que hoje atua nesse setor é, em geral, formado em física ou em outra área da engenharia.
A criação do curso na UFRJ já foi aprovada por todos os departamentos responsáveis da instituição e deve ser formalizada numa reunião do Conselho de Ensino e Graduação prevista para amanhã. "O fato deflagrador para a implantação do curso, que estava em estudo havia um ano, é a retomada do programa nuclear [brasileiro]", afirma Ericksson Almendra, diretor da Escola Politécnica da UFRJ. "Não vai faltar emprego", opina.
O programa prevê em breve a construção de Angra 3, a terceira usina termonuclear do Brasil, além do desenvolvimento tecnológico na área, daí as perspectivas profissionais serem bastante promissoras.
"Entre as suas atribuições, o engenheiro nuclear será responsável por projetar e operar reatores, que nada mais são do que os locais onde ocorrem reações químicas, no caso, no núcleo dos átomos, por isso serem nucleares", explica José Augusto Perrotta, assessor da superintendência para a área de engenharia nuclear do Ipen.

Ciclo básico
Uma outra novidade da UFRJ para a engenharia no próximo ano é a adoção de um ciclo básico de dois anos para parte dos ingressantes. Às 790 vagas existentes na graduação, serão somadas mais 80, totalizando 870. Dessas, 100 serão destinadas ao ciclo básico -a definição pela área, entre elas a nuclear, ocorrerá posteriormente e será decidida pelo desempenho acadêmico. As outras 770 vagas serão distribuídas entre as 12 habilitações disponíveis em engenharia.
No ciclo básico, as disciplinas serão comuns a todas as engenharias e, a partir do quinto semestre, começarão as matérias mais específicas. Segundo Almendra, após o término do ciclo básico, 25 lugares devem ser destinados para a área nuclear, mas o o número de vagas ainda não está fechado.
"No curso de engenharia nuclear, pretendemos formar um profissional capaz de exercer todas as atividades em uma usina nuclear e também de lidar com as diversas aplicações da energia nuclear", afirma Paulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo, que é chefe do departamento de engenharia nuclear da UFRJ.
Na USP, ainda não está em estudo a implantação de uma graduação na área, de acordo com José Roberto Cardoso, vice-diretor da Escola Politécnica da instituição.

Vestibular
Além da engenharia nuclear, a UFRJ também deve oferecer novos cursos com ingresso no seu próximo vestibular.
"Relações internacionais e história da arte já foram aprovados, mas ainda há outros cerca de dez novos cursos que também devem ter início no ano que vem, mas ainda estão passíveis de confirmação", afirma Luiz Otavio Langlois, coordenador acadêmico do vestibular da UFRJ.


NA INTERNET -
Veja mais informações em www.ufrj.br



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