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ATUALIDADES
Hamas e Fatah disputam hegemonia
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
A violência explodiu novamente entre os militantes do
Hamas e do Fatah. Desta vez o
cenário da tragédia foi a faixa
de Gaza, território sob controle
da ANP (Autoridade Nacional
Palestina).
Parece difícil entender essa
guerra protagonizada por dois
partidos palestinos. Cenas de
fuzilamento com exibição de
corpos mutilados, invasão de
prédios públicos e trocas de tiros entre militantes. De fato, o
que está em jogo, mais que a luta pelo domínio territorial, é a
disputa pela hegemonia palestina. Nessa queda-de-braço entre os dois partidos, o ponto
central do embate é o Estado de
Israel. Mahmoud Abbas presidente da ANP e líder do Fatah,
defende o diálogo com Israel
com vistas a uma convivência
pacífica. Ismail Haniyeh, líder
do Hamas e premiê da ANP,
opõe-se à negociação e é partidária da destruição do Estado
judeu.
Desde sua criação por Iasser
Arafat em 1959, o Fatah defendia abertamente a destruição
de Israel. Somente a partir de
1974, quando o líder palestino
foi recebido nas Nações Unidas
com honras de chefe de Estado,
passou a trilhar o caminho da
diplomacia. Após a assinatura
do Acordo de Oslo em 1993, que
lhe rendeu o Nobel da Paz, o líder do Fatah reconheceu o direito de existência de Israel e
passou a defender por meio do
diálogo a criação de um Estado
para seu povo.
O Hamas, Movimento de Resistência Islâmica, surgiu em
1987 por ocasião da primeira
Intifada (rebelião, em árabe).
Defende desde sua criação a
destruição do Estado de Israel e
o estabelecimento de um Estado teocrático na palestina histórica, ou seja, "do Mediterrâneo ao Jordão".
Contrário ao Acordo de Oslo, que reconhece
Israel, o Hamas se converteu
num inimigo declarado do Fatah, recusando-se sistematicamente a aceitar as negociações
com Israel.
Rotulado pelos EUA e por Israel como terrorista, o Hamas
responde com radicalismo e
violência. Desde sua vitória nas
eleições de janeiro de 2006, intitula-se o legítimo representante dos mais de 1 milhão de
palestinos confinados na faixa
de Gaza. No ímpeto de isolar e
punir o Hamas que, referendado pelo voto, assumiu o controle da ANP, Israel e EUA enfraqueceram Abbas e o Fatah. Terrível equívoco que, além de vidas palestinas e israelenses, pode sacrificar o sonho e a esperança de uma paz definitiva para a região.
ROBERTO CANDELORI é professor do Colégio
Móbile. E-mail: rcandelori@uol.com.br
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