ISMAEL FERNANDES DE ANDRADE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Lamarck foi o primeiro a tentar explicar a evolução dos seres vivos. Para tal, propôs duas leis: a do uso e desuso e a da transmissão das características adquiridas. Ele foi criticado, pois, como sabemos, os organismos herdam genes e não a sua expressão.
Quanto a sua primeira lei, o uso realmente leva ao desenvolvimento de certos órgãos, como os músculos. O treinamento altera de forma significativa as estruturas celulares.
Já o desuso pode levar a uma redução da massa muscular. O músculo esquelético é formado por células chamadas de fibras musculares. Elas são classificadas como tipo 1: lentas e vermelhas ou tipo 2: rápidas e brancas.
A cor vermelha das primeiras se deve à grande presença de mioglobina, uma proteína que possui ferro em sua composição, o que confere grande afinidade por oxigênio -esse será utilizado pelas numerosas mitocôndrias desse tipo celular.
Nas fibras rápidas, existem poucas mitocôndrias; com isso, a fermentação láctica é mais intensa, ou seja, a fadiga ocorre mais rapidamente.
A contração muscular pode ser explicada de forma simplificada como o deslizamento entre a actina e a miosina, as proteínas contráteis. A dieta e o treino adequados aumentam a produção dessas proteínas, assim como o número de mitocôndrias. O aumento da potência e da velocidade é conseqüência dessas e de outras modificações.
A seleção dos atletas deve ser feita de acordo com a sua aptidão. A distribuição de fibras lentas e rápidas é determinada geneticamente. Portanto, uma pessoa que possui grande quantidade de fibras lentas deve procurar esportes de longa duração, como maratona, se quiser receber alguma medalha. Da mesma forma, um recordista em salto em distância deve ter recebido um padrão genético que o dotou de grande proporção de fibras rápidas.