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ATUALIDADES
Os (des)caminhos da globalização
"A globalização tornou-se uma espécie de palavra da moda. (...) Trata-se, na verdade, de um daqueles conceitos tão amplos, que é empregado
por diferentes pessoas para explicar
fatos de natureza completamente diversa." Fernando Henrique Cardoso, no Indian International Centre. Nova Déli, janeiro de 1996
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Polêmico, o termo globalização
foi tão amplamente empregado que, em vez de tornar-se mais
claro, fica cada vez mais impreciso e confuso. Considerado do
ponto de vista estritamente econômico, poderia ser descrito como um processo de crescente integração de mercados nacionais,
facilmente observado por consumidores com acesso a produtos
das mais diversas procedências,
tênis "made in" Cingapura ou
brinquedos "made in" China.
Mas sua abrangência vai além
da aceleração no fluxo de comércio internacional. Secundada pela
grande revolução na área das comunicações, a globalização propiciou maior mobilidade dos fluxos
financeiros, que transitam livres
entre fronteiras nacionais.
Essa crescente interdependência econômica global compromete progressivamente as decisões
políticas domésticas, que cada vez
mais estão subordinadas ao que
acontece no mundo. Essa "submissão" restringe significativamente o poder de cada Estado nacional e dos seus governantes.
A globalização também está associada ao neoliberalismo. O
avanço da integração econômica
dependia de uma reformulação
urgente no papel do Estado, afinal, argumentava-se, o Muro de
Berlim (1989) caíra e com ele os
paradigmas da Guerra Fria.
Na época, profetizava o então
presidente dos EUA, George
Bush, sobre os escombros da ex-URSS: "Chegamos a uma nova
ordem mundial". Aquele Estado,
aparelhado para a guerra, com
monopólio de setores estratégicos, pesado e oneroso, ia desaparecer. Em seu lugar, seria erigido
um Estado-mínimo, mais ágil e
comprometido com a agenda social. Em tese, esse era o caminho.
Roberto Candelori é coordenador da Cia.
de Ética, professor da Escola Móbile e do
Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br
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