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CICLO BÁSICO
Processos de seleção não terminam no vestibular
FACULDADES ADOTAM SISTEMA EM QUE É NECESSÁRIO TER BOAS NOTAS PARA CONSEGUIR ÁREA DESEJADA
LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você acredita que, após ter sido aprovado no vestibular, não
terá de passar por nenhum outro
processo de seleção na graduação,
encontrará surpresas. Algumas
faculdades adotam o sistema de
ciclo básico e, para conseguir o
curso desejado, será necessário
obter boas notas.
Na Poli (Escola Politécnica da
USP), por exemplo, esse processo
leva dois anos. No manual do candidato ao vestibular da Fuvest, o
estudante verá que, para a carreira de engenharia, não existem as
opções de habilitação, como em
elétrica, em mecânica ou em civil.
Essas ramificações da carreira
somente podem ser escolhidas
depois do primeiro ano do curso.
Na etapa inicial, os estudantes
têm matérias comuns da engenharia, como cálculo, álgebra, resistência de materiais e física. Há
também disciplinas que visam
mostrar aos alunos as diversas
possibilidades profissionais do
graduado em engenharia.
No final do primeiro ano, o aluno faz a opção pelas grandes áreas
da engenharia: química, mecânica, civil ou elétrica. São iniciadas
as disciplinas com enfoques específicos. Há um número restrito de
vagas para cada habilitação, e a seleção é feita pela média ponderada de notas.
Depois da escolha das grandes
áreas, o aluno deve optar pela ênfase do curso. Em elétrica, por
exemplo, pode escolher entre sistemas elétricos, automação, computação e energia. A seleção novamente é feita pelas notas.
Nesse momento, o aluno pode
passar por uma espécie de repescagem. É a chamada transferência
cega, em que os alunos podem declarar que querem mudar de habilitação. No ano passado, 75 alunos se inscreveram e 70 foram
atendidos. Os que conseguem a
transferência devem cursar as disciplinas que não são compatíveis
entre as habilitações.
Processos similares de ciclo básico baseado na seleção por notas
acontecem nas carreiras de letras
da USP e de física, matemática e
matemática computacional da
Unicamp. Mas os estudantes têm
o direito de cursar matérias optativas nas diversas habilitações.
Lenda
Provavelmente você irá ouvir
nos corredores da Poli algumas
lendas sobre trabalhos que são
furtados do armário dos professores. A intensão do estudante ladrão seria prejudicar um outro
aluno concorrente a uma mesma
vaga na habilitação escolhida.
No entanto isso não passa de
história, diz José Roberto Castilho
Piqueira, presidente da comissão
de ciclo básico da Poli. "Não é
possível retirar os trabalhos depois que eles foram entregues. É
lenda." Para ele, os alunos sabem
exatamente como são as regras e
quais são as opções dentro da instituição, portanto "o esforço é o
melhor jeito de conseguir alcançar os objetivos na faculdade".
Daniel Couto Tavares, 23, que
cursa engenharia elétrica na USP,
afirma que, no primeiro ano, fez
um grupo de estudos com alunos
que disputavam a mesma habilitação. "Não são duas ou três pessoas que vão tirar a sua vaga. A
Poli é muito grande, e o clima é de
cooperação entre os estudantes."
Sem concorrência
Na Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo), os alunos
de engenharia (civil, telecomunicações e mecatrônica) e de comunicação social (jornalismo e publicidade e propaganda) já possuem a vaga garantida na habilitação escolhida, mas há um ciclo
básico em cada área. Ele é realizado em dois anos. A opção é feita
na inscrição para o vestibular.
"No período de ciclo comum
dos cursos, o aluno tem a oportunidade de conhecer mais sobre a
carreira", afirma Oscar Hipólito,
pró-reitor acadêmico da Uniban.
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