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      São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003
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CICLO BÁSICO

Processos de seleção não terminam no vestibular

FACULDADES ADOTAM SISTEMA EM QUE É NECESSÁRIO TER BOAS NOTAS PARA CONSEGUIR ÁREA DESEJADA

LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você acredita que, após ter sido aprovado no vestibular, não terá de passar por nenhum outro processo de seleção na graduação, encontrará surpresas. Algumas faculdades adotam o sistema de ciclo básico e, para conseguir o curso desejado, será necessário obter boas notas.
Na Poli (Escola Politécnica da USP), por exemplo, esse processo leva dois anos. No manual do candidato ao vestibular da Fuvest, o estudante verá que, para a carreira de engenharia, não existem as opções de habilitação, como em elétrica, em mecânica ou em civil.
Essas ramificações da carreira somente podem ser escolhidas depois do primeiro ano do curso. Na etapa inicial, os estudantes têm matérias comuns da engenharia, como cálculo, álgebra, resistência de materiais e física. Há também disciplinas que visam mostrar aos alunos as diversas possibilidades profissionais do graduado em engenharia.
No final do primeiro ano, o aluno faz a opção pelas grandes áreas da engenharia: química, mecânica, civil ou elétrica. São iniciadas as disciplinas com enfoques específicos. Há um número restrito de vagas para cada habilitação, e a seleção é feita pela média ponderada de notas.
Depois da escolha das grandes áreas, o aluno deve optar pela ênfase do curso. Em elétrica, por exemplo, pode escolher entre sistemas elétricos, automação, computação e energia. A seleção novamente é feita pelas notas.
Nesse momento, o aluno pode passar por uma espécie de repescagem. É a chamada transferência cega, em que os alunos podem declarar que querem mudar de habilitação. No ano passado, 75 alunos se inscreveram e 70 foram atendidos. Os que conseguem a transferência devem cursar as disciplinas que não são compatíveis entre as habilitações.
Processos similares de ciclo básico baseado na seleção por notas acontecem nas carreiras de letras da USP e de física, matemática e matemática computacional da Unicamp. Mas os estudantes têm o direito de cursar matérias optativas nas diversas habilitações.

Lenda
Provavelmente você irá ouvir nos corredores da Poli algumas lendas sobre trabalhos que são furtados do armário dos professores. A intensão do estudante ladrão seria prejudicar um outro aluno concorrente a uma mesma vaga na habilitação escolhida.
No entanto isso não passa de história, diz José Roberto Castilho Piqueira, presidente da comissão de ciclo básico da Poli. "Não é possível retirar os trabalhos depois que eles foram entregues. É lenda." Para ele, os alunos sabem exatamente como são as regras e quais são as opções dentro da instituição, portanto "o esforço é o melhor jeito de conseguir alcançar os objetivos na faculdade".
Daniel Couto Tavares, 23, que cursa engenharia elétrica na USP, afirma que, no primeiro ano, fez um grupo de estudos com alunos que disputavam a mesma habilitação. "Não são duas ou três pessoas que vão tirar a sua vaga. A Poli é muito grande, e o clima é de cooperação entre os estudantes."

Sem concorrência
Na Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo), os alunos de engenharia (civil, telecomunicações e mecatrônica) e de comunicação social (jornalismo e publicidade e propaganda) já possuem a vaga garantida na habilitação escolhida, mas há um ciclo básico em cada área. Ele é realizado em dois anos. A opção é feita na inscrição para o vestibular.
"No período de ciclo comum dos cursos, o aluno tem a oportunidade de conhecer mais sobre a carreira", afirma Oscar Hipólito, pró-reitor acadêmico da Uniban.


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